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Grãos geram renda de R$ 10 bilhões nesta safra

A produção de milho e soja puxa o setor que faz compra antecipada de fertilizantes


A virada na agricultura de grãos começa a injetar R$ 54,9 bilhões na economia das cidades do interior do País a partir deste mês. A renda do agricultor não é recorde, mas são quase R$ 10 bilhões a mais do que no ano anterior. Isso já provoca crescimento de até 50% nas vendas de veículos, móveis e eletrodomésticos neste início de ano em relação a 2006. Também há antecipação da compra de fertilizantes para o plantio da safra de inverno.

“A receita da colheita deste ano marca o fim do ciclo de baixa da agricultura de grãos”, afirma o diretor da RC Consultores, Fabio Silveira. Nas suas contas, entre milho, soja, arroz, feijão, algodão, trigo e outros grãos, a colheita deste ano deve somar 126 milhões de toneladas, 7,3% a mais do que em 2006.

O crescimento da receita é mais expressivo, com alta de 21% ante a safra passada, que foi a segunda consecutiva de retração na renda. As projeções levam em consideração dados de produção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os preços coletados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A recuperação da receita deste ano foi comandada pela dobradinha milho/soja. Depois que os Estados Unidos deixaram claro que a prioridade é destinar a sua safra de milho para produção de etanol, os preços do milho e da soja dispararam no mercado internacional e impulsionaram as cotações domésticas, observa Silveira.

Ele ressalta que o cenário tornou-se promissor não só para este ano, mas também para os próximos. Neste mês, por exemplo, a saca do milho no mercado interno acumula alta de 41,3% ante o mesmo período de 2006.

Na soja, o acréscimo é de quase 22% no mesmo período. É exatamente por causa desse cenário que a safra urbana de bons negócios já começou nas regiões que têm como atividade principal o cultivo de soja e milho. Na Toycas, revenda da marca Toyota em Ponta Grossa, região produtora de soja no Paraná, as vendas da picape Hilux neste ano estão 50% maiores em relação ao mesmo período de 2006.

“Cerca de 80% dos compradores desse veículo estão ligados à agricultura”, diz o gerente geral da revenda, Leonardo Soncini. A picape zero quilômetro mais barata sai por R$ 80 mil, e a mais equipada custa R$ 118 mil.

O deslanche nas vendas também ocorreu nas lojas de móveis e eletrodomésticos. As Casas Bahia, maior varejista de eletrodomésticos e móveis do País , registrou crescimento acima da média da rede nas lojas do Sul. Segundo o diretor Administrativo-Financeiro, Michael Klein, o faturamento das 540 lojas cresceu, em média, 10,1% no primeiro bimestre deste ano ante os mesmos meses de 2006.

Centro-Oeste – Essa tendência também foi constatada por Carlos Luciano Martins Ribeiro, diretor-superintendente das Lojas Novo Mundo. “Houve recuo de um ponto percentual na inadimplência neste início de ano.” Ele atribui essa melhora a maior renda por causa da safra. O foco da empresa é o consumidor das classes B e C, que tem, de alguma maneira, seus rendimentos atrelados à agricultura.

Além da queda no calote, a rede registrou um aumento significativo nas vendas. De janeiro até a metade de março, o faturamento da companhia cresceu 36% ante o mesmo período de 2006. No ano passado, nas lojas de Goiás e Mato Grosso, a rede registrava queda de até 30% nas vendas na comparação anual.

Ribeiro observa que a melhora é resultado da convergência de fatores: queda nos juros e recuperação da agropecuária. Em razão do cenário promissor, a rede decidiu ampliar, em até 60 dias, o prazo de carência do crediário e alongar, de 18 para 24 vezes, o número de prestações.

Insumos – Não é só em bens duráveis que os produtores estão gastando a receita da safra. De olho na safrinha de milho de maio e junho e na produção de inverno, há quem antecipou a compra de fertilizantes.

No primeiro bimestre deste ano, a entrega de adubos ao consumidor final cresceu 30% na comparação com os mesmos meses de 2006, segundo a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda). Além de antecipar as compras de fertilizantes, muitos agricultores estão renegociando dívidas com as indústrias de fertilizantes. Dos R$ 1,5 bilhão de débitos, cerca de R$ 500 milhões já foram quitados.

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