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Grãos puxam lucro da Bunge no Brasil

O cenário positivo, puxado pela soja e aliado a um custo menor dos insumos, deverá ter um efeito neutralizador sobre a forte queda nas vendas de fertilizantes


SÃO PAULO - A safra brasileira de grãos deverá puxar os lucros da Bunge em 2009. A meta da empresa é fechar o ano nos mesmos patamares de 2008, quando teve lucro global de US$ 1 bilhão. "É um desafio pelo patamar que estabelecemos no ano anterior, mas continuamos com a meta de alcançar o lucro de 2008", diz Adalgiso Telles, diretor corporativo da Bunge no Brasil.

Boa parte do otimismo da companhia advém dos preços da soja. Além disso, segundo o executivo, o nível de endividamento dos agricultores diminuiu. "Esse ano estamos comercializando um volume maior de soja que no passado. Conseguimos comprar, processar e exportar mais rápido que em anos anteriores", disse.

O cenário positivo, puxado pela soja e aliado a um custo menor dos insumos, deverá ter um efeito neutralizador sobre a forte queda nas vendas de fertilizantes - produto no qual o Brasil representa 95% do mercado da grupo (os 5% restantes estão na Argentina).

Mesmo com o decréscimo de 26,5% nas vendas das empresas de fertilizantes no Brasil no primeiro semestre, a Bunge mantém a projeção de apresentar uma taxa de crescimento ascendente. A cultura do trigo também está recebendo atenção especial da empresa. Em agosto, a Bunge inaugura oficialmente o moinho que, segundo a empresa, será o mais moderno da América Latina. Construído com investimento de R$ 165 milhões, o empreendimento deverá abastecer todo o mercado do Nordeste.

Há cerca de um mês a empresa já está fazendo a movimentação de trigo pelo Complexo de Suape. A Bunge decidiu construir um novo moinho em Suape, depois da tentativa frustrada de dobrar a sua capacidade de armazenagem no Porte de Recife.

O Brasil continua sendo um mercado prioritário para a Bunge e mesmo com a crise financeira mundial a empresa manteve o financiamento da safra nos mesmos patamares de anos anteriores, cerca de R$ 700 milhões. No entanto, a companhia está mais rigorosa na concessão de crédito e nos termos da condição de pagamento. "Não queremos que o produtor avance demais, pois se houver algum percalço, como um problema climático, ele pode ficar em uma situação ruim. Também estamos evitando financiar produtores com risco elevado", explicou Telles.

O segmento de fertilizantes pode frustrar os planos de crescimento na Bunge no País e influenciar seus resultados globais. A companhia está em período de silêncio que antecede o dia da divulgação do balanço da empresa que tem capital aberto nos Estados Unidos e, portanto, não comenta os resultados semestrais, mas o diretor da companhia admite que foi "um período difícil". Nos primeiros três meses de 2009, a Bunge anunciou prejuízo líquido de US$ 176 milhões, ante lucro de US$ 322 milhões no mesmo período do ano passado. As vendas de fertilizantes da empresa recuaram 41%.

Já a Fosfertil, maior fabricante de matérias-primas para adubos do Brasil, tendo a Bunge como seu principal acionista, registrou um lucro de R$ 37,5 milhões em igual período, mas que representa uma desaceleração de quase 70% comparado ao mesmo trimestre de 2008. Ainda no segmento de fertilizantes, a Bunge aguarda concessão de licenças ambientais para a Indústria de Fosfatos Catarinense (IFC), idealizado juntamente com a Yara, no Município de Anitápolis, em Santa Catarina.

Fertilizantes no Brasil

Os números da Associação Nacional para difusão de Adubos (Anda) mostram que as empresas brasileiras (misturadoras ou distribuidoras) reduziram de 11,4 milhões de toneladas para 8,4 milhões de toneladas as vendas de adubo no País no último semestre, ante igual período de 2008.

As importações, que vinham se recuperando mês a mês desde janeiro, também voltaram a cair e em junho chegou a 901 mil toneladas, 4% a menos que no mês de maio. Na comparação com o mesmo período de 2008, as importações chegam a ser quase 50% inferiores.

Os preços dos fertilizantes despencaram em junho. "As revendas e misturadoras de pequeno e médio porte continuam bastante agressivas no mercado e parecem estar queimando produto para fazerem caixa", diz Edson Alves Novaes, gerente de estudos técnicos e econômicos da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).

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