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Greening ameaça laranjais no Brasil

Doença que já provocou a erradicação de mais de 3 milhões de plantas exige vistoria rigorosa e frequente nos pomares


Uma doença que já provocou inúmeros prejuízos pelo mundo põe em alerta citricultores, pesquisadores e órgãos governamentais de países produtores. É o greening, que só no Brasil promoveu a erradicação de mais de 3 milhões de plantas. A doença tem um efeito devastador sobre a cultura porque a única forma de tratamento é a eliminação das plantas afetadas.

No Brasil, a ameaça resultou na criação de uma comissão de pesquisadores do Paraná e São Paulo, que teve a tarefa de traçar estratégia para o enfrentamento da doença. O documento com as propostas de ação foi entregue ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes.

O greening apareceu pela primeira vez no Brasil no estado de São Paulo em 2004 e já se espalhou por 183 municípios de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.

Porém, há relatos da doença na China e África do Sul datados de 100 anos atrás. ""O greening é sabidamente a mais grave doença da citricultura mundial"", diz Juliano Ayres, gerente científico do Fundecitrus, entidade que representa os citricultores e indústrias processadoras de frutas cítricas no estado de São Paulo.

Os sinais de alerta no pomar são manchas amareladas nas folhas e frutos deformados com a coloração alterada (ver infográfico nesta página). Diante da constatação do greening, as árvores afetadas devem ser imediatamente eliminadas. Por isso, a prevenção é a principal arma contra a doença, que pode atingir todas as espécies de citros. ""A bactéria infecta de forma sistêmica, internamente, deixando a planta improdutiva, podendo levá-la à morte"", explica Rui Pereira Leite Júnior, pesquisador da área de fruticultura do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

A doença chega aos pomares por meio de um inseto, o psilideo, que ocorre em todas as regiões do Brasil. E uma das maiores dificuldades é que não existe produto químico específico para o tratamento. Para conter o avanço do greening, os produtores devem adotar medidas de prevenção, segundo recomendação da pesquisa.

A principal orientação é cultivar mudas sadias, compradas de viveiros registrados. O citricultor deve estar atento também à aplicação de inseticidas para reduzir a população do psilideos. A inspeção dos pomares deve ser constante e as plantas doentes, eliminadas. ""Faço um paralelo com a dengue: se não existe pessoa doente, o mosquito não causa problema. Se há planta doente, ela é fonte de bactéria que vai contaminar o pomar"", diz Leite.

Com ele concorda o gerente científico da Fundecitrus. ""A chave para o sucesso no controle é uma ação integrada entre os citricultores, de forma contínua e com o rigor necessário"", afirma Juliano Ayres. Segundo ele, somente parte dos produtores está agindo com a firmeza necessária, mas acredita que no decorrer do tempo outros citricultores vão se envolver na luta contra o greening.

O controle da doença depende também da aplicação da legislação federal que obriga a eliminação das plantas doentes em todas as propriedades. A inspeção dos pomares de cultivo comercial, de acordo com a Instrução Normativa (IN)32, do Mapa, é de responsabilidade dos proprietários e plantas de fundo de quintal são vistoriadas pelo Estado.

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