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Greenpeace aponta perigos no “Efeito Coquetel”

Portal Agrolink entrevistou, com exclusividade, Marina Lacôrte


Em pesquisa divulgada pelo Greenpeace na semana passada foram apontados diversos alimentos testados contendo mais de um resíduo de agrotóxico. De acordo com a ONG (Oraganização Não-Governamental), a mistura de substâncias químicas pode causar o que é conhecido como “efeito coquetel, cujos efeitos no corpo são desconhecidos e podem ser diferentes dos efeitos causados por substâncias isoladas”.

O Portal Agrolink entrevistou com exclusividade a Marina Lacôrte, especialista em Agricultura e Alimentação do Greenpeace, e perguntou: Que estudos já existem comprovando o efeito coquetel?

“Existem diversos estudos. Para citar um, recomendo uma publicação de 2012, feita pela a revista científica Plos One¹, intitulada ‘A Preliminary Investigation into the Impact of a Pesticide Combination on Human Neuronal and Glial Cell Lines In Vitro’.  Destaco também que o relatório do Greenpeace, ‘Agricultura Tóxica’, traz mais referências de estudos a respeito do chamado ‘efeito coquetel’, sugerimos a leitura”, responde ela.
 
De acordo com a especialista, “a presença de mais de um agrotóxico foi observada em diversas amostras e agrega uma preocupação a mais para a saúde das pessoas por conta do efeito coquetel, que é a possibilidade de interação entre diferentes substâncias, gerando efeitos que não são investigados pelas autoridades durante o processo de avaliação e registro e que podem ser diferentes e/ou piores que os efeitos de cada substância isolada”. 

“Sabendo que boa parte das pessoas ingerem mais de um resíduo de agrotóxico diariamente, reforça-se a necessidade de realizar estudos que sejam capazes de comprovar os efeitos dessas substâncias combinadas, e não apenas da substância isolada. Ou se avalia esses efeitos devidamente, ou o recomendado é aplicar o princípio da precaução, que diz que quando uma atividade representa ameaças de danos ao meio ambiente ou à saúde humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo se algumas relações de causa e efeito não forem satisfatoriamente estabelecidas cientificamente²”, conclui.

Amanhã: Greenpeace explica como acha que a produção agroecológica poderia alimentar o planeta

1. Autores do estudo: Michael D. Coleman, John D. O'Neil, Elizabeth K. Woehrling, Oscar Bate Akide, dunge, Eric J. Hill, Andre Menache, Claude J. Reiss. Para mais informações acesse: http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0042768

2. Declaração de Wingspread de 1998. O princípio surgiu na Alemanha e foi explicitamente adotado pela ONU e por acordos internacionais, fazendo com que ele assuma a forma de Lei nos países que fizerem parte desses acordos. O Brasil foi signatário da Convenção da Mudança Climática e da Convenção da Diversidade Biológica, ambas ratificadas pelo Congresso Nacional. Como nessa última há menção explícita ao PP, este deve assumir também a forma de Lei no país.

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