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Gripe A: Ministério da Saúde divulga balanço conflitante

Gripe A: Ministério da Saúde divulga balanço conflitante


RIO DE JANEIRO - Enquanto o Brasil já soma 129 óbitos por gripe A, o Ministério da Saúde divulgou, no início da noite desta quarta-feira, um balanço defasado do número de mortes pela H1N1 no país. O órgão máximo da saúde brasileira levou em conta apenas os registros até o dia 1º de agosto, em que os números apontavam 96 óbitos.

Tal tentativa do governo de 'evitar o pânico' está sendo criticada com veemência pela classe médica brasileira. Para o infectologista Alex Botsaris, esta tentativa de amenização da pandemia prejudica uma melhor análise da doença.

- Acho que, desde o aparecimento da gripe A, o Ministério da Saúde vem tentando minimizar o problema. Existe um lado compreensível, que é evitar muito pânico, mas tinham de ter em vista uma outra questão: uma informação mais precisa leva a um diagnóstico melhor da doença e a possível análise dos fatores que estão desencadeando em mortes - comenta o médico.

Ele lembra ainda que tal postura do Ministério pode vir a prejudicar a erradicação de futuras epidemias que venham a aparecer no Brasil

- O acompanhamento dos dados é importante não só para tratar dessa doença, como para cuidar de futuras novas moléstias. Imagine se surgir uma epidemia de gripe aviária, com uma forma mais letal. Certamente teríamos dificuldade em combatê-la - afirma.

Botsaris destaca também a precariedade do sistema de saúde brasileiro que, ao seu ver, não consegue chegar à boa parte da população, fazendo com que muitos casos de gripe A não cheguem ao conhecimento das autoridades.

- Não existe um esforço do Ministério da Saúde para mandar agentes para descobrir e tratar novos casos de gripe suína. Certamente, se houver um empenho maior, será possível descobrir um número de casos e óbitos mais próximo do real - conclui.

Percentuais

Ao divulgar os dados, o Ministério fez uma análise dos casos confirmados até o dia 1º de agosto, chegando à conclusão que a grande maioria (71,5%) apresentou sintomas leves, num total de 2.115 pessoas. Os restantes 28,5% (844) apresentaram febre, tosse e dificuldade respiratória. Desse total, 55,6% foram de mulheres. Foram ainda 844 casos graves da doença.

Segundo o ministério, gestação e doenças cardíacas e neurológicas são os principais fatores de risco para óbito. Nos casos graves com pessoas com pelo menos um fator de risco, a letalidade foi de 23,5%, enquanto que nos pacientes sem nenhum fator de risco a letalidade foi de 8,9%.

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