Obra faz parte do projeto de implantação do complexo de produção e exportação de produtos de avestruz, em Caracará. O grupo paulista Aravestruz iniciou as obras de construção do frigorífico, considerado fundamental no processo de expansão do empreendimento que está instalado na região de Caracará, distrito de Sobral, cidade que fica a 180 quilômetros de Fortaleza. Dos R$ 19 milhões previstos para a implantação do complexo - 50% financiados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) - 85% já foram aplicados no projeto que envolve 1,2 hectares de área total, correspondendo a 4 fazendas, informa o diretor-presidente da Aravestruz, Maurício Carlos Lupifieri.
A área vai abrigar projetos de reprodução, incubação dos ovos - com capacidade para incubar 100 mil unidades por ano -, hospedagem de animais, alimentação e o desenvolvimento de filhotes até atingir cerca de 100 quilos, o que ocorre normalmente aos 12 meses, idade ideal para abate. "O sucesso do negócio também depende do domínio da cadeia produtiva", diz o executivo que estima faturar algo em torno de R$ 12 milhões em 2005. A unidade nordestina concentra 800 aves, inicialmente, com possibilidade de atender a 8 mil filhotes por ano.
As obras da Aravestruz Nordeste iniciaram há 6 meses, com recursos aplicados na infra-estrutura da fazenda, central de incubação e uma indústria de produção de ração. "As obras do frigorífico, que terá capacidade para abater 70 mil aves ao ano, devem estar concluídas por volta do mês de junho ou julho", adianta Lupifieri. O número de abates previsto supera o registrado na matriz de Araçatuba, criada em 1997, e hoje com capacidade instalada para 60 mil abates de aves/ano e plantel de 1.200 matrizes de avestruz, em área total de 270 hectares.
Vantagens regionais
De acordo com Lupifieri, as condições favoráveis da região de Sobral, como o tipo de solo, maior luminosidade, temperaturas entre 22º e 24º, asseguram produtividade 40% superior à registrada no Sudeste, e com menor aporte de investimentos. O clima quente e seco do semi-árido nordestino foi determinante na decisão da empresa, que aposta na estrutiocultura organizada.
"Não precisaremos construir galpões para abrigar os filhotes, com a mesma estrutura adotada em São Paulo, especialmente em função do clima", observa. A região dispõe também de mão-de-obra a custos mais baixos e localização privilegiada - próxima das vias de acesso rodoviária e marítima, caso do Terminal Portuário do Pecém, facilitando o escoamento da produção.
Nos planos do empresário, ainda, o estímulo ao setor de confecção - vestuário masculino e feminino, calçados e acessórios, com a instalação de uma unidade de produção que vai operar também com serviços terceirizados, além de curtume para beneficiamento do couro. Lupifieri tem pressa em levar adiante a proposta, que deverá reforçar os negócios na região e abrir possibilidades de emprego e renda para os artesãos. "Ainda não teremos matéria-prima própria para suprir a linha de produção, pois os abates do rebanho iniciam em 2006, mas precisamos estar preparados para atender a demanda", diz ao assinalar que o estado possui artesãos capacitados no setor.
Exportações
A grife Lupufieri, que já confecciona e comercializa esses vestuário e acessórios em São Paulo, tem estrutura para agilizar os embarques internacionais, independente do mercado, segundo o diretor-presidente do grupo. A estratégia de estímulo aos confeccionados tem bons motivos. Com experiência no setor, a partir de parcerias que envolvem nomes conhecidos do cenário da moda como Reinaldo Lourenço, de presença nas passarelas da São Paulo Fashion Week, e na GDS, feira da Alemanha, além de uma loja no bairro Jardins, na capital paulista, o executivo recebeu na semana passada aceno positivo de compradores da França para vestuário, calçados e acessórios.
"Nossos preços são muito competitivos e a qualidade foi aprovada", resume. Lupifieri sabe que o caminho ainda é longo e, até o acerto final, adaptações deverão ser feitas, mas está otimista com a possibilidade de exportações de confecções. "O foco de nossos negócios é o mercado internacional", diz. O empresário articula também com um importador - que veio ao Ceará para conhecer a fazenda da Aravestruz -, a remessa de carne para a Suíça e de calçados e acessórios para a Itália, em volume equivalente ao abate de 400 aves por semana. "Trabalhamos com a meta de exportar 90% da produção de carne, couro e derivados ao mercado europeu", diz.
Embutidos na linha de produção A proposta para o complexo no Ceará inclui cozinha industrial para a produção de embutidos, fabrica de espanadores e unidade de processamento da gordura para o setor de cosmética e de artigos e couro de avestruz. Para essa fase, o grupo paulista busca parceiros investidores.
A empresa pretende estimular outros produtores a ingressar no mercado, a partir do fornecimento de matrizes pela empresa, que assume o compromisso de adquirir a produção dos criadores integrados ao pólo.
Os trabalhos de instalação da Aravestruz Nordeste começaram há cerca de 6 meses, e o empreendimento deverá operar a pleno vapor no Ceará, em 2006. "O estado poderá se tornar símbolo do setor do Nordeste e o maior pólo nacional de criação de avestruz", afirma o presidente da companhia. "Estamos implantando infra-estrutura em condições de agregar valor ao produto final para exportação e gerar empregos", afirma ao assinalar que o impacto sócio-econômico do empreendimento na região é valioso. O complexo vai gerar inicialmente 180 empregos. Semana passada, o grupo inaugurou unidade de negócios e loja, calçados e acessórios em couro de avestruz, no Via Scala, edifício ao lado do hotel Caesar Park Fortaleza que a partir de março vai operar com a bandeira Gran Meliá Marquise.