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Guerra no Iraque é ameaça real à carne bovina brasileira


A confirmação de um ataque norte-americano ao Iraque deverá produzir um efeito literalmente bombástico junto ao setor pecuário nacional. Segundo os exportadores brasileiros de carne bovina, a provável dificuldade nos embarques para o Oriente Médio– um importante mercado para a carne brasileira– prejudicará tanto a performance externa como interna uma vez que a oferta deverá aumentar, havendo sobra do produto por aqui.

Para se ter uma idéia da importância do Oriente Médio como balizador do mercado nacional de carne bovina, segundo o diretor do Instituto de Ecomomia Agrícola de São Paulo (IEA), Nelson Martin, os preços do boi-gordo, que deveriam ter começado a baixar no mês de fevereiro em função da entrada da safra, mantiveram-se firmes nos dois primeiros meses do ano devido às exportações em geral, com destaque para aquele destino.

“Nesta segunda quadrissemana de março houve uma queda muito pequena em relação ao mesmo período do ano passado, pois os embarques sustentaram os preços do boi gordo. O preço da arroba em março caiu de R$ 58,00 para R$ 57,00”. Martin disse ainda que se houver guerra, queda no câmbio e as exportações forem reduzidas, a tendência é haver uma forte queda nos preços do produto, uma vez que a safra estará plena e a oferta no mercado interno será muito elevada.

Os países do Oriente Médio já respondem por cerca de 20% do mercado da carne brasileira no exterior. Em 2002, os negócios chegaram a US$ 200 milhões. A estimativa do setor era de que as vendas externas para aquele mercado em 2003 batessem US$ 230 milhões, valor que deverá ser revisto pelo setor. Com a ocorrência de uma guerra no Iraque, o impacto será maior em relação à logística dos produtos embarcados para a região. “Os fretes deverão subir em função dos seguros, que sofrerão aumento por se tratar de uma zona de guerra”, afirma o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (Abiec), Enio Marques. O aumento nos custos do transporte refletirá nos preços da carne apenas no Oriente Médio, segundo Marques. “A carne sairá do País com preço de mercado e o repasse será sentido pelos países árabes.”

Segundo Marques, até o momento os embarques estão normais. “Com a guerra iminente, os países do Oriente Médio trataram de se abastecer, pois os embarques aumentaram neste início de ano, em relação a 2002.” Em janeiro deste ano, as exportações de carne foram 25% superiores ao registrado no mesmo mês de 2002, com cerca de 10 mil toneladas, que garantiram uma receita da ordem de US$ 13,9 milhões.

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