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Hermanos enfrentam falta de trigo

Plantio teve redução de 18,6% em comparação à safra anterior


Com quebra de 60% na lavoura de trigo, a Copra S.A. , empresa argentina sediada em Mercedes, não vai exportar parte de seu volume de produção que costumeiramente tinha como destino o Brasil. Assim como o trigo da Copra, cerca de 2 milhões de toneladas do cereal argentino deverão deixar de ser embarcadas ao Brasil.

O principal problema da Argentina é bem conhecido dos gaúchos. A estiagem atinge os hermanos desde outubro do ano passado. A área plantada foi de aproximadamente 3,7 milhões de hectares, 18,6% menor do que na safra anterior.

Localizada na região de terras mais produtivas da província de Corrientes, a Copra diminuiu em 20% sua área plantada na última safra em decorrência das taxas cobradas pelo governo argentino no processo de exportação.

– Já plantamos menos por isso e a estiagem piorou ainda mais a situação. Da área semeada, deveríamos colher 5 mil quilos por hectare, mas colhemos apenas 2 mil. A planta não se desenvolveu como deveria e a produtividade despencou – explica o engenheiro agrônomo da empresa, Gustavo Vidal.

O plantio para a nova safra já se iniciou e os produtores precisam que chova. De janeiro para cá, choveu apenas 200 milímetros na região, sendo que o normal seriam 650 milímetros.

– Pelos impostos do governo, vamos plantar em apenas 600 hectares este ano. Estamos iniciando a época ideal para semeadura e só conseguimos semear 5% da área em razão da seca. É a parte em que temos pivô para irrigação artificial – expõe o engenheiro.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias Panificadoras e Massa Alimentícias, Arildo Bennech Oliveira, a quebra da safra argentina, pelo menos por enquanto, não deve afetar o Brasil.

– Vamos receber 2,4 milhões de toneladas do Uruguai e do Paraguai, mais o que conseguiremos trazer da Argentina e mais o que estamos importando de outros países. Mesmo que o governo não derrube a TEC (Tarifa Externa Comum), nossa moeda está forte e estamos conseguindo comprar trigo de maneira vantajosa fora do Mercosul – esclarece.

O consultor da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), Tarcísio Minetto, lembra que os triticultores gaúchos ainda têm o entrave de 600 mil toneladas do cereal estocadas, proveniente da safra 2008.

– Estão tendo dificuldade de liquidez, a indústria prefere o trigo de fora – observa.

As negociações internas do produto esbarram na combinação preferência da indústria por trigo importado mais a baixa do dólar, lembra o consultor da Emater Passo Fundo, Ataídes Jacobsen.

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