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Hortigranjeiros terão agrotóxicos registrados

Ministério da Agricultura irá legalizar agroquímicos para uso em plantações com pouca ou nenhuma opção de defensivo específico


Ministério da Agricultura irá legalizar agroquímicos para uso em plantações com pouca ou nenhuma opção de defensivo específico, como hortas e pomares. Culturas representativas servirão como referência

Começa este mês uma força-tarefa da Emater com produtores da Ceasa de Porto Alegre/RS para identificar os defensivos usados nos hortigranjeiros, testar sua eficiência, determinar seu limite máximo de resíduos e solicitar seu registro no Ministério da Agricultura (Mapa). A ação busca colocar em prática a instrução normativa (IN) 01, publicada em fevereiro pelo Mapa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que prevê o registro de agrotóxicos para culturas que dispõem de poucos ou nenhum agroquímico registrado, o que gera dificuldade de atender demandas fitossanitárias. O assistente técnico da Emater, Marcelo Brandoli, explica que a intenção é determinar quais os agrotóxicos servem especificamente para grupos de hortaliças e frutíferas. "Por falta de alternativa e orientação, tem produtor que hoje aplica o mesmo defensivo na lavoura de soja e na plantação de morango", justifica.

A normativa apresenta critérios de similaridade alimentares, fitotécnicos e fitossanitários, tendo como referência uma ou mais culturas representativas. A intenção, explica o coordenador-geral de Agrotóxicos do Mapa, Luís Eduardo Rangel, é usar os valores limites de resíduos de culturas que já usem o defensivo e estendê-los para os hortigranjeiros. É o caso de frutas com casca não comestível, que recebem agroquímicos usados no melão, e das frutas com casca comestível, que tomam por base os agroquímicos usados no cultivo da maçã e da uva. Da mesma forma, raízes, tubérculos e bulbos têm como base defensivos usados nas plantações de batatas e cenouras. A relação também ocorre entre as hortaliças folhosas, que têm como referência os produtos usados na alface, repolho e couve; e entre as não folhosas, que se valem dos defensivos aplicados no tomate, pepino e pimentão. Para a proteção de leguminosas e oleaginosas, a indicação são os mesmos agrotóxicos do feijão e da soja; e, em casos como dendê e nozes, o agroquímico é mesmo aplicado no coco. "Queremos que o produtor use menos agrotóxicos, mas precisamos orientar o uso."

A medida é válida para a agricultura convencional e também para a orgânica, que usa produtos naturais que devem ser registrados.

Os programas de identificação de resíduos do Mapa e da Anvisa apontam a existência de uso indevido desses defensivos. A estimativa é que, em 50% das amostras de todas as culturas analisadas anualmente e com resíduos de defensivos, sejam encontrados princípios ativos de agrotóxicos não registrados. O presidente da Associação de produtores da Ceasa de Porto Alegre, Evandro Finckler, diz que o agricultor usa o produto sem registro para proteger a lavoura. "O texto está pronto. Agora, precisamos colocar em prática." Ele pretende levar a ideia à Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento (Abracen) para incentivar outros estados a fazer o mesmo.

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