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HSBC vê com otimismo futuro agrícola da América Latina

Para o banco, o País tem potencial para expansão do setor


São Paulo - O clima causa cada vez mais estragos na produção mundial de grãos, mas a alta dos preços das commodities agrícolas não vai perdurar por muito tempo. A previsão é de boletim sobre produção agrícola mundial divulgado recentemente pelo banco HSBC.

O banco está otimista em relação ao futuro da produção e do agronegócio na América Latina, e particularmente no Brasil que, de acordo com o relatório, oferece "condições atraentes para o crescimento e expansão da agricultura, com terra fértil, amplo suprimento de água, condições ideais de clima e um robusto segmento privado no setor, apoiado por políticas pragmáticas do governo".

O estudo lembra que as cotações de trigo subiram 67% nos últimos dois meses, os preços do milho aumentaram 15% e os da soja tiveram alta de 12%. No entanto, o nível mundial dos estoques, segundo o estudo do banco, indica que essa disparada tem fôlego limitado.

O relatório reconhece que a quebra da safra de trigo na Rússia assustou os mercados, já que se trata do terceiro maior produtor mundial, atrás de Estados Unidos e Canadá. Os canadenses, ao contrário dos russos, tiveram a colheita afetada pelo excesso de chuvas, enquanto o Paquistão também teve que conviver com inundações e a África padece com a ação de fungos que prejudicam sua safra. "No entanto, esperamos um aumento da safra nos Estados Unidos, assim como na Austrália e nos Estados Unidos, o que será mais do que suficiente para atender à demanda", afirmam os técnicos do HSBC.

Em relação aos estoques, o relatório afirma que os níveis estão no mesmo nível ou acima das médias históricas nos casos do milho, soja e trigo. Pelos cálculos do HSBC, o nível de estoque do trigo está atualmente em 26%, em linha com a média histórica, enquanto na soja a porcentagem é de 26%, contra uma média de 23%. No caso do milho, a média é calculada em 17%, muito próxima da média histórica de 19%.

Outro fator de otimismo dos técnicos do banco é a estabilidade de preços que o petróleo vem apresentando há meses. Esse fator é importante, na avaliação do HSBC, porque o petróleo estável "não aumenta os custos de transportes" de grãos e significa que não existe, no momento, ameaça de alta acelerada dos fertilizantes.

A perspectiva, no entanto, não é totalmente otimista, de acordo com a avaliação do banco. "A crise da Rússia, causada pela seca, pode ser pior do que o previsto, o que levaria o governo russo a estender a suspensão da exportação de grãos para 2011", adverte o estudo, que lembra: os especuladores do mercado financeiro podem provocar nova onda de alta nos preços dos grãos, o que levaria produtores a trocarem as culturas de soja e milho por algodão.

Essa troca, recorda o estudo do HSBC, é uma ameaça para a soja, que pode ter como principal efeito a redução da área plantada. "A época do plantio se aproxima na América Latina", recorda o relatório, "e a troca de culturas nos EUA e na Argentina pode ser um catalisador de preços em 2011".

No milho, a produção deve atender a demanda, com a previsão do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) de que a safra mundial chegará ao recorde de 832 milhões de toneladas. Nesse produto, uma das possíveis fontes de pressão altista é a atitude tomada por alguns países, de substituir trigo por milho na alimentação de animais, para reduzir custos. Outro risco é uma possível imposição de maior uso de milho em biocombustíveis.

A principal preocupação, segundo os técnicos do HSBC, é o trigo, em consequência da seca que está afetando a safra da Rússia. O clima fez com que o USDA divulgasse uma previsão de redução de 6% da produção na safra 2010/2011, para 646 milhões de toneladas. As cotações subiram 67% no período de dois meses encerrado dia 13 de agosto. "Essa elevação dos preços pode não ser totalmente justificada", afirmam os técnicos do HSBC. "É preciso lembrar que o fornecimento de trigo é 4% menor que a previsão inicial do USDA, feita em maio".

O estudo avalia que uma parte da elevação das cotações do trigo "pode ser atribuída a potenciais resultados dos problemas econômicos da Rússia". O HSBC prevê que os preços do produto continuem nos níveis atuais "até que haja melhor visibilidade em relação às perdas na safra da Rússia causadas pelo clima".

Em seu último relatório, HSBC está otimista em relação ao futuro da produção e do agronegócio na América Latina, particularmente no Brasil. Para o banco, o País tem potencial para expansão do setor.

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