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IAC fecha parceria com o México

A negociação feita com o estado mexicano de Veracruz inclui interesse em cana e plantas forrageiras


O Instituto Agronômico (IAC) chega aos 120 anos como referência na pesquisa agrícola do País e do mundo. Hoje, o trabalho do instituto não só extrapola fronteiras de São Paulo, mas do País. Já está acertada, por exemplo, uma parceria com o México que prevê a troca de informações sobre cana-de-açúcar. O acordo, explica o secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, João de Almeida Sampaio Filho, inclui treinamento e capacitação de pessoal, desenvolvimento e troca de material genético, métodos de controle de pragas e manejo básico da lavoura.

A negociação foi feita com o estado mexicano de Veracruz. Há interesse em cana-de-açúcar e plantas forrageiras. Sampaio Filho não citou valores, mas quando o projeto estiver em operação, calcula-se que ele poderá gerar receita anual acima de US$ 500 mil.

O secretário destaca que o objetivo da parceria é exportar conhecimento. “Com o IAC, São Paulo pode fazer a diferença, como difusor de tecnologia para outros Estados e para o mundo. E não só em cana, mas em café, frutas e outras culturas.” Moçambique e Angola também demonstraram interesse em firmar parcerias com o instituto, também na área de cana-de-açúcar.

Parcerias, aliás, têm se mostrado essenciais para tornar projetos de pesquisa viáveis. No ano passado, recursos obtidos na iniciativa privada e em agências de fomento somaram R$ 16 milhões, valor próximo do orçamento liberado pelo Estado, de R$ 25 milhões. O dinheiro atendeu 600 projetos de pesquisa.

O Programa Cana IAC ilustra bem a expansão do instituto além de terras paulistas. O coordenador do programa, Marcos Guimarães de Andrade Landell, explica que foi criada uma rede envolvendo usinas, destilarias e associações para uma pesquisa integrada, para o desenvolvimento de variedades e de estratégias de manejo varietal local.

“Os precursores foram Goiás e Minas, mas hoje a rede abrange Paraná, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Bahia, Tocantins, Mato Grosso do Sul”, diz. “Essa rede é importante porque nem todos os estados têm a mesma estrutura de São Paulo.” Hoje são mais de 300 experimentos em todo o País. “Introduzimos e avaliamos a adaptação de material desenvolvido para São Paulo em outros Estados. Outra maneira é testar populações iniciais melhoradas para chegar a uma variedade local”, explica. Em dois anos deve ser lançada uma variedade para o cerrado.

EXPANSÃO

Outra prova da expansão do trabalho do IAC é o caso da Orange Citros Agroindustrial, de Rosário do Sul (RS), cidade a 400 quilômetros de Porto Alegre. O diretor da empresa, Rogério Gonçalves, conta que está investindo em fruticultura de mesa (laranja e tangerina sem sementes) e chegou ao IAC por indicação da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS). Iniciou, então, o plantio de tangerina sem sementes em julho do ano passado com as variedades satsuma okitsu, clemenules, nova e ortanique e deve colher em 2008.

“O Uruguai exporta tangerina sem sementes para o Brasil. Resolvi me aprofundar e cheguei ao IAC”, conta. Gonçalves tem hoje 60 hectares e pretende, nos próximos quatro anos, chegar a mil hectares (com laranja e tangerina de mesa). “A produção será destinada ao mercado interno, mas vamos ficar de olho no mercado externo também.” Segundo ele, há demanda pela fruta no Estado, mas não há produção em escala.

O cafeicultor Luis Adauto de Oliveira, de Poço Fundo, no sul de Minas Gerais, é outro exemplo. Produtor familiar (possui 6 hectares), tem qualidade reconhecida internacionalmente. “Em 2004 testei algumas variedades e mantenho estreito contato até hoje.” Oliveira cultiva duas variedades IAC e tem produção média anual de 180 sacas. Tudo orgânico. “Meu café vai para a Dinamarca, Estados Unidos, Itália e Inglaterra”, conta. Este ano, ele recebeu o prêmio Cafeicultor Destaque 2007, indicado pelo pesquisador Sérgio Parreiras Pereira, do IAC.

Outro agricultor que tem apoio técnico do IAC é Antonio Carlos Di Tullio, que produz borracha em Itapagipe (MG), Monte Aprazível e Nhandeara (SP). Começou com 30 mil árvores; hoje, são 200 mil árvores plantadas, metade está em produção. “Procurei o IAC para saber qual material se adaptaria melhor na região”, conta. “O IAC então indicou os melhores clones que haviam sido pesquisados e importados pelo instituto.” Hoje, Di Tullio produz as próprias mudas.

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