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IARC desconsiderou estudos com humanos

Órgão da OMS não analisou todos os estudos relevantes disponíveis, numa "omissão seletiva"


O professor Doutor em Patologia João Lauro Viana de Camargo integrou o painel de especialistas de vários países que revisaram os estudos de carcinogenicidade do glifosato. Os resultados desse painel contrariam a avaliação da IARC e corroboram as conclusões da EPA/USA, da EFSA e ECHA da União Europeia, da Health Canada, APVMA (Australiana) entre outras. O que há de errado com a classificação de carcinogenicidade do glifosato da IARC?

“Indicamos dois problemas maiores na avaliação que a IARC fez do glifosato. A inclusão do glifosato no Grupo 2A resultou do entendimento da agência de que os estudos com animais de experimentação, mas não os estudos com humanos, apresentaram evidências suficientes para classificar o herbicida como ‘provável cancerígeno para o homem’. Ou seja, os estudos com animais constituíram a base da classificação realizada pela IARC. Esse foi o primeiro problema, porque a força-tarefa da IARC não analisou todos os estudos relevantes disponíveis, mas somente seis estudos com ratos e dois com camundongos”, revela Camargo. 

No entanto, uma revisão publicada também em 2015 – e da qual a IARC teve conhecimento, porque ela foi citada em sua monografia sobre o glifosato – discutiu nove estudos com ratos e cinco com camundongos. “A omissão seletiva da IARC poderia ser parcialmente explicada por sua política de considerar somente estudos completos disponíveis na literatura científica e ou acessíveis ao público, mas não justifica desconsiderar as informações veiculadas pela revisão”, argumenta. 

“Outro problema refere-se à interpretação dos resultados feita pela forçatarefa da IARC, que ignorou aspectos básicos da análise de estudos de carcinogenicidade, como a não ocorrência dos mesmos tumores nos sucessivos estudos, a ausência de dose-resposta, a inexistência de lesões pré-neoplásicas e de progressão para a malignidade e, particularmente, abordagem estatística discutível”, sustenta o especialista.

“Não é de surpreender que avaliações mais rigorosas, realizadas por diferentes agências oficiais antes e depois da IARC, como as listadas na pergunta, e também pelo JMPR/FAO/OMS e pelo Instituto Federal Alemão para Avaliação do Risco (BfR), tenham reiterado que o glifosato não tem potencial cancerígeno. Como nenhum potencial cancerígeno foi identificado em ensaios convencionais, não tem sentido propor um modo de ação (no caso da IARC, por genotoxicidade e/ou estresse oxidativo) para explicar eventual carcinogenicidade do produto”, conclui.

Amanhã: Ministério da Saúde não foi imparcial e comprometeu sua confiabilidade

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