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ILPF: caminho de competitividade para produtor de grãos e para pecuarista

Sistema mitiga gases causadores do aquecimento global


A preocupação com o efeito estufa está agora mais perto do que nunca da fazenda do produtor brasileiro. Uma das tecnologias agrícolas para a mitigação de gases causadores do aquecimento global é a integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que passou a ser alvo de incentivos governamentais no Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Programa ABC), lançado há três meses pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A política pública disponibiliza R$ 2 bilhões para financiamento agrícola da adoção dessa tecnologia e da recuperação de pastagens em degradação.

No caso da integração, ela pode ser implementada tanto por produtores de grãos e fibras como por pecuaristas. Na adoção dessa tecnologia, os desafios são muitos para os dois setores. Segundo o pesquisador da Embrapa Cerrados – Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) –, Lourival Vilela, que há 20 anos trabalha com o sistema, a capacitação é o que vai fazer a diferença para aqueles que vão optar por deixar seu nicho para integrar numa mesma área a produção tanto de animais como de plantas. Além de ficar de olho nos diferentes mercados e técnicas que envolvem as duas atividades, ele vai precisar de uma equipe mista, que reúne de vaqueiro a tratorista.

Para o produtor de grãos com interesse em adotar a integração, um investimento inicial deve ser feito na infraestrutura da área, com a instalação de uma rede hidráulica, cerca e cochos, além da aquisição dos animais. Vilela destaca que uma das formas mais simples de integração é distribuir as atividades de agricultura e pecuária ao longo do ano. Dessa forma, há melhor proveito dos recursos disponíveis. “Se o produtor usa a área somente com a soja, por exemplo, ele mantém os fatores de produção desocupados por cerca de 58% do tempo. Se ele incluir o milho safrinha, a desocupação fica em 20%. No entanto, se a braquiária entra no sistema, esse número cai para 8%”, ressalta o pesquisador.

Vilela ressalta o exemplo de uma fazenda em Mato Grosso, onde é possível começar o plantio de soja em outubro e, depois da colheita, semear do milho em consórcio com a braquiária. Finalizada a safrinha do grão, o capim plantado pode ser aproveitado para um propósito duplo: ele tanto fornece palhada para a cobertura do solo (sistema de plantio direto) como alimento para a terminação e a recria de gado. Os subprodutos da atividade agrícola, como a bandinha de soja, podem ser aproveitados em um período de semiconfinamento dos animais.

Para pecuaristas – Para Vilela, a recuperação das grandes áreas de pastos degradados que existem hoje no Brasil passa pela agricultura. “Essa é uma forma simples de integração, ele pode fazer tanto por conta própria quanto arrendar parte de sua área para um produtor de grãos”, explica. O pesquisador recomenda a soja como uma das melhores culturas para começar, pois trata-se de uma leguminosa que tem bom desempenho quando rotacionada com o capim.

O pecuarista também deve estar atento aos custos para a implementação do sistema em sua propriedade. As máquinas e os implementos agrícolas necessários para o plantio de lavouras são os investimentos mais altos. “O preparo de uma área para a agricultura é caro”, explica Vilela.

Além dos custos, o pecuarista deve ter em mente as vantagens do sistema. A recuperação das áreas de pasto degradado gera ganhos de produtividade. No caso da engorda, um animal no sistema de integração lavoura-pecuária tem um desempenho até quatro vezes maior (600 kg de peso vivo/ha/ano) em relação ao que está na pecuária tradicional (120 a 150 kg de peso vivo/ha/ano). Devido a esses resultados, é possível diminuir a área destinada ao rebanho e usá-la para outro fim.

Redução das emissões - No ano passado, o governo brasileiro apresentou na Conferência do Clima, em Copenhague, um compromisso voluntário de redução de emissões de gases de efeito estufa. Na agricultura, uma das tecnologias que vão dar a sua contribuição para essa meta é a integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Estudada e recomendada pelo Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, coordenado pela Embrapa, ela leva ao crescimento de produtividade e também redunda em benefícios para o meio ambiente, pois as áreas se tornam mais eficientes na conservação do solo e da água.

Conheça mais sobre a iLPF no site http://ilpf.cnpms.embrapa.br.

As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Cerrados.

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