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IMA registra entreposto de Queijo Minas Artesanal

Centro de distribuição prevê expansão de vendas para as queijarias do Alto Paranaíba


Foto: Marcel Oliveira

Fonte de renda para diversas famílias rurais, o Queijo Minas Artesanal (QMA), patrimônio cultural brasileiro e reconhecido internacionalmente, é fabricado em sete microrregiões do estado. Entre elas estão Araxá, Serra do Salitre e Cerrado, localizadas no Alto Paranaíba, região que possui uma das maiores bacias leiteiras do país. Um forte suporte logístico da região terá agora potencial para expandir ainda mais a comercialização da iguaria. É que o Centro de Qualidade do Queijo Minas Artesanal do Rio Paranaíba da Cooperativa Agropecuária de Produtores de Derivados de Leite do Alto Paranaíba (Cooalpa), foi registrado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

Isso significa que o entreposto, já reconhecido pela eficiência e credibilidade do processo de maturação, ganhou importante aval para comercializar os produtos de queijarias seguidoras das normas sanitárias listadas em manual de boas práticas de fabricação. O manual, gerido pelo Programa do Queijo Minas Artesanal, é uma iniciativa do Governo de Minas, por meio da Seapa e suas vinculadas: Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (Emater-MG), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e IMA.

O diretor-geral do IMA, Thales Fernandes, comemora o registro do entreposto, que permitirá a comercialização dos queijos, gerando emprego e renda para a região. “É um incentivo a mais para os produtores que poderão levar o Queijo Minas Artesanal para todo o Brasil, projetando nacionalmente nossa riqueza e patrimônio, ampliando os negócios para as queijarias do Alto Paranaíba. O queijo é familiar e produzido em pequena escala, ou seja, é extremamente importante um forte centro logístico que dê suporte e viabilize as vendas”, reconhece Fernandes.

Negócios e Cooperativismo

Tradicionalmente adotado no meio rural, o cooperativismo é um sistema bem-sucedido que mostra ao mundo a força da agropecuária mineira, despertando o interesse de empreendedores em busca de negócios prósperos. O trabalho dos produtores nas queijarias da região chamou a atenção do empresário Clênio Rocha, da distribuidora de alimentos Tradição do Cerrado, e um dos responsáveis pelo entreposto associado à Cooalpa. Após três anos nos Estados Unidos atuando no setor da Construção Civil, voltou para sua terra natal, município do Rio Paranaíba, no início dos anos 2000.

Já naquela época, observou grande estima popular pelo Queijo Minas Artesanal, identificando o potencial de negócio para a comercialização do produto em grande escala. “Depois de quatro anos, já em plena atividade, comprando e vendendo o queijo, fui apresentado aos queijos especiais e a outros produtos de maior valor agregado, por meio dos produtores João José de Melo, Wilson Rosa e Alexandre Honorato, que me incentivaram a fazer parte da Cooperativa”, lembra.

Com o objetivo de se inserir adequadamente nos mercados de Minas e do Brasil, Rocha participou de diversos processos e orientações, incentivando as queijarias da região a se regularizarem. Além de atender às normas e aos direcionamentos, conquistou a credibilidade alinhada à excelente qualidade dos queijos e procedimentos rigorosos de maturação e de higiene. “Isso favoreceu a comercialização, a princípio dentro do estado, para grandes redes de supermercados, atendendo a um público mais exigente”, relata o empresário, que prevê para o último trimestre deste ano a comercialização dos queijos para todo o país, levando sustentabilidade para os produtores locais.

Clênio conta ainda que a distribuidora de alimentos Tradição do Cerrado incentiva continuamente o produtor de Queijo Minas Artesanal, seja ele cooperado ou não, a regularizar seus produtos para obter o registro. A empresa possui um corpo de profissionais qualificados disponíveis para auxiliar os produtores em todas suas demandas. Os médicos veterinários e engenheiros de alimentos fazem visitas periódicas às fazendas.

Resultado

O trabalho da empresa estimulou a responsabilidade compartilhada das queijarias, somado às atividades de orientação e de inspeção fomentadas pelo Governo de Minas, por meio da Seapa e de suas vinculadas. O resultado são queijarias que obtiveram o Selo Arte e o Selo Certifica Minas, além de outras que se encontram em processo de regularização.

E o sucesso do negócio é alicerçado pela história e cultura mineiras. “É o nosso povo e a nossa terra, não existe mineiro sem queijo, prova disso é a quantidade de receitas que levam esse ingrediente milenar em nossa gastronomia. Acredito que o Queijo Minas Artesanal seja consumido diariamente, direta ou indiretamente por todos os mineiros. O produto tem um papel socioeconômico relevante em nossa região movimentando a economia com investimentos em máquinas, equipamentos, qualificação, desenvolvimento e treinamento de pessoal, contendo de forma significativa o êxodo rural e trazendo ainda conforto e qualidade de vida para a população local”, analisa.

Boas práticas

De acordo com a fiscal agropecuária do IMA, Viviane de Fátima Souza, que está à frente de diversas vistorias na região, para se adequar às normas sanitárias, as queijarias precisam seguir as boas práticas de fabricação. Elas consistem em um conjunto de ações eficazes de manipulação, armazenagem e transporte de insumos, matérias-primas, utensílios e equipamentos.

“É também necessário o projeto das instalações físicas das áreas de processamento e de circulação, bem como treinamento de pessoal. Além disso, as boas práticas de fabricação envolvem o controle de operações dentro da agroindústria, tais como manutenções preventivas e rastreabilidade do produto”, explica.

História

Minas Gerais possui uma das tradições queijeiras mais antigas do país, por influência da colonização portuguesa, com métodos de produção registrados desde o século XVIII e passados de geração em geração por diversas famílias. É considerado Queijo Minas Artesanal os feitos a partir de mão de obra familiar, contendo em sua massa leite cru produzido na fazenda.

O modo artesanal da fabricação foi registrado como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Araxá, Canastra, Campos das Vertentes, Cerrado, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro são as regiões produtoras. Segundo dados da Seapa, a produção de Queijo Minas Artesanal está presente em 600 municípios do estado, garantindo renda e emprego para cerca de 30 mil famílias mineiras.

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