Imigração japonesa trouxe contribuição decisiva para o vigor do agronegócio brasileiro
A presença da comunidade nipônica foi decisiva para que o Brasil se destacasse, atualmente, como um dos maiores produtores de alimentos do mundo
O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa, Márcio Portocarrero, explica que a maior contribuição que os japoneses trouxeram de imediato para o Brasil, há cem anos, já se voltava ao agronegócio. “O Japão tem uma tradição agrícola muito forte. Implementaram em nosso país uma visão diversificada da produção de alimentos voltada para a mesa dos consumidores e não para a exportação. Por termos fortalecido o agronegócio internamente, somos hoje um dos maiores produtores de alimentos do mundo”, afirmou Portocarrero.
Ele lembrou que, quando os japoneses chegaram ao Brasil, o País passava por uma crise econômica do café, açúcar e cacau e ainda estava se organizando para ser um país eficiente frente às demandas mundiais. A contribuição dos japoneses na produção do café foi decisiva para o posicionamento do país como maior produtor e exportador mundial do grão. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica que, este ano, o país produziu 45.544 sacas de café, registrando um crescimento de 35% com relação ao ano passado. Nas exportações, alcançou o volume de 28.010 sacas, o que corresponde a 29,37% da participação mundial.
Apesar de terem vindo para trabalhar nas plantações de café, os orientais também contribuíram com a horticultura, fruticultura, cultivo do arroz, pimenta do reino e outros gêneros. Trouxeram ainda conceitos significativos de adubação e de combate de pragas e doenças das plantas. No início da imigração, os japoneses se estabeleceram principalmente em São Paulo, mas, com o passar do tempo, ocuparam praticamente todo o território nacional, em especial os estados do Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no início do século passado, era de 27.976 o número de japoneses imigrantes no Brasil, sendo que 87,3% deles viviam nas cidades paulistas. Cem anos depois da imigração, os japoneses e seus descendentes já totalizam, de acordo com a Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, cerca de 1,5 milhão de pessoas, constituindo a maior comunidade nipônica fora do Japão.
Cooperativismo – Além da influência direta no agronegócio, os orientais também deixaram sua marca em um outro setor de fundamental importância para a economia brasileira: o cooperativismo. Para o diretor do Departamento de Cooperativismo e Associativismo Rural do Mapa, Paulo Roberto da Silva, a comunidade japonesa trouxe uma contribuição valiosa no aspecto da cooperação. “Eles sempre trabalharam com volumes pequenos - que precisariam necessariamente ser produzidos em escala - com o auxílio de tecnologia avançada. Isso fez com que houvesse um incremento no Brasil da cultura cooperativista”, informou.