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Impacto da economia global no agronegócio brasileiro

No Dia do Economista, especialista explica a influência de fatores como taxa de câmbio e mercado especulativo nas commodities


No Dia do Economista, especialista explica a influência de fatores como taxa de câmbio e mercado especulativo nas commodities agrícolas

O Brasil é um país essencialmente agroexportador. Por isso, é importante que o produtor rural tenha uma visão apurada da economia internacional. Para o mestre em economia rural, doutor em administração e professor da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUCRS, Luis Humberto Villwock, “em um mercado globalizado, é muito importante estar atento a estas relações, pois delas depende a pujança do país”.

Neste Dia do Economista, 13 de agosto, o Agrolink aborda a relação entre a agricultura brasileira e a economia global.

Agrolink - Como a economia global influencia nas commodities agrícolas brasileiras?
Luis Humberto Villwock – Influencia muito, porque o Brasil é um país agroexportador, exporta principalmente grãos e carnes, mas também café, açúcar e outros. Sendo assim, a influência dos preços está diretamente relacionada com as pressões de oferta e demanda, tanto para os principais consumidores internacionais quanto para os nossos principais concorrentes, como os Estados Unidos e a Argentina. Com certeza, o preço é muito balizado pelo que acontece no mercado internacional.

Agrolink – Como as taxas de câmbio influenciam nas commodities brasileiras?
Luis Humberto Villwock
– Atualmente, o setor agrícola considera a taxa de câmbio sobrevalorizada, o que significa dizer que o nosso Real em relação à moeda padrão internacional, que é o Dólar, está com valor mais alto. Por conseqüência, recebemos menos Reais por Dólar do que estamos exportando. Isso acaba influenciando diretamente no preço interno dos nossos produtos. Quando se baliza o preço interno pelo preço internacional, baixando o valor em Reais para tornar os produtos mais competitivos no mercado externo, se tem uma queda do valor no mercado interno. O inverso ocorre na importação de insumos, sobretudo para fertilizantes, pois somos importadores dos principais componentes destes produtos. Portanto, desta maneira, as taxas de câmbio influenciam diretamente no valor dos produtos aqui no país.

Agrolink - Como o mercado especulativo influencia nas commodities brasileiras?
Luis Humberto Villwock
– O mercado especulativo influencia muito, em função das previsões de quebra de safra, de super safra, problemas climáticos, de turbulências das economias mais populosas, de países exportadores e importadores de alimentos. O que está acontecendo na Rússia, que é forte importador e está sofrendo com uma grande estiagem, é um exemplo disso. Essa situação irá acarreta pressão nas exportações de alimentos, sobretudo de grãos.

A economia acaba sendo muito pressionada em função de comentários, previsões, idéias e projeções de cenários, feitas por economistas e analistas de mercado. Isso afeta de alguma maneira as bolsas de valores, e por conseqüência, os mercados de commodities no Brasil e no mundo.

Quando acontece um problema climático ou uma pressão de demanda por algum produto, há um cenário mais favorável para exportarmos e uma pressão maior de exportação. Com isso, quem tem produto na mão, tende a guardá-lo ou a especular, como acontece em qualquer economia regida pela lei da oferta e da demanda.

Agrolink - Como o preço dos insumos agrícolas influencia nas commodities brasileiras?
Luis Humberto Villwock
– Grande parte da formação do custo de produção das lavouras está relacionada ao uso de fertilizantes, defensivos, sementes, máquinas e implementos. Pensando no mercado internacional, os principais custos estão relacionados a fertilizantes e defensivos, pois a maior parte da matéria-prima é importada. Além do câmbio, a concentração de mercado dos fornecedores globais faz com que haja permanente pressão de preços, o que influencia o nível de rentabilidade da produção de alimentos no Brasil (commodities).

Agrolink - De que forma os produtores podem usar as informações econômicas para seu benefício?
Luis Humberto Villwock
– É fundamental que os produtores acompanhem a conjuntura econômica como um todo, especialmente aquela associada aos mercados agrícolas nacional e internacional. Para tanto, devem se assessorar de boas fontes de informação e de especialistas competentes na análise de projeções e expectativas. Um dos fenômenos mais preocupantes acontece no momento da colheita, quando a safra pressiona os preços dos alimentos para baixo (pressão de oferta). Esta época, de forma geral, está associada ao pagamento dos compromissos financeiros tomados pelos produtores para formarem suas lavouras. Logo, a pressão de venda aumenta ainda mais. Sendo assim, uma boa assessoria econômica/comercial contribui para escapar desta armadilha, ajudando a planejar a venda parcelada da produção e garantindo maior rentabilidade para o negócio. Evidentemente que isto só é possível se o produtor tiver acesso a uma boa estrutura de armazenagem (própria, da cooperativa, terceirizada) e um capital de giro que possibilite fluxo de caixa equilibrado, evitando acesso a crédito, muitas vezes com taxas de juros incompatíveis com o agronegócio.

O Agrolink parabeniza todos os economistas pela sua importante contribuição para o desenvolvimento da agropecuária nacional.

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