Importações de trigo na África: Riscos e soluções
A produção de trigo na África cresceu 21%, mas a demanda aumentou 30%
Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, que interrompeu o fornecimento global de trigo e agravou a crise de déficit no continente africano, a indústria de trigo da África já enfrentava desafios significativos, como mudanças climáticas, políticas comerciais desfavoráveis e investimentos insuficientes no setor.
A África importa cerca de 40 milhões de toneladas de trigo por ano, avaliadas em US$ 15 bilhões, de acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Isso representa até 90% do comércio da África com a Rússia e quase metade com a Ucrânia. As sanções à Rússia interromperam embarques, elevando o risco de fome em massa.
Mesmo antes de 2022, as mudanças climáticas já impactavam a produção de trigo em países como Tunísia, Marrocos e Argélia, onde a produção depende de chuvas, afetadas por secas e temperaturas elevadas. A FAO estima que a produção no Norte da África será de 16,6 milhões de toneladas em 2024, abaixo dos 17,7 milhões em 2023. Na África Oriental e Austral, a produção permanece estável ou em leve queda, refletindo desafios climáticos e de infraestrutura.
Entre 2010 e 2020, a produção de trigo na África cresceu 21%, mas a demanda aumentou 30%, impulsionada pelo crescimento populacional e mudanças nos hábitos alimentares. Diante disso, países como Egito, Zimbábue e Etiópia estão adotando iniciativas para mitigar os efeitos climáticos, como irrigação moderna e cultivares resistentes. No Egito, por exemplo, projetos visam aumentar a produtividade e reduzir as importações.
O AfDB aponta que a dependência da Rússia e Ucrânia para trigo agrava tensões alimentares, destacando a necessidade de maior investimento em mitigação climática e tecnologias agrícolas para a África alcançar a autossuficiência e garantir segurança alimentar.