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Indonésia produzirá menos cacau


A Indonésia continua sendo um dos principais produtores e exportadores de cacau, mas isso pode mudar se o setor não adotar medidas imediatas contra a queda do padrão de qualidade do produto.

A luta travada nos últimos anos contra a broca do cacau mostrou-se inútil. As técnicas agrícolas adotadas nesse período se mostram inadequadas. Não há tampouco um programa sustentável de replantio das lavouras afetadas, cuja produção está em queda. Sem a qualidade das amêndoas de cacau exigido pelo mercado internacional, a Indonésia perde exportações, afirmam representantes do setor.

"A Indonésia se tornará como o Brasil, que de exportador passou a ser importador de cacau", comentou Piter Jasman, presidente da Associação dos Produtores de Cacau da Indonésia. O Brasil desceu da terceira para a quinta posição entre os países produtores, depois que o fungo ‘vassoura de bruxa’ devastou a produção em 1989.

Desde que apareceu em 1997, a doença da broca do cacau reduziu a produção indonésia de 456,5 mil toneladas em 1998 para aproximadamente 385 mil toneladas em 2004. A Indonésia é atualmente o terceiro maior produtor mundial de amêndoas de cacau depois da Costa do Marfim e de Gana.

As exportações indonésias de amêndoas de cacau foram caindo progressivamente, chegando a 265,8 mil toneladas em 2003, em comparação com 302,4 mil toneladas em 2001, pois os principais compradores reduziram gradualmente suas compras devido à preocupação com a qualidade do produto. Os dados referentes às exportações em 2004 ainda não estão disponíveis, mas a Indonésia exportou apenas 184,5 mil toneladas de amêndoas até agosto.

Propriedades improdutivas

Uma vasta rede de pequenas propriedades agrícolas familiares anti-econômicas e não dispõem de recursos financeiros para investir em modernas técnicas de cultivo, o que compromete os esforços para solucionar os problemas de qualidade. "Se o governo não adotar um programa nacional que estimule o replantio das lavouras e o combate da broca, não poderemos esperar melhora da situação", disse Halim Razak, presidente da filial sul Sulawesi da Askindo.

Até lá, a falta de oferta de amêndoas de qualidade adequada no mercado afetará a capacidade dos processadores de cacau da Indonésia de manterem suas fábricas em funcionamento.

Os produtores agrícolas relutam em fermentar suas amêndoas, processo que contribui para a ressaltar o rico sabor do cacau.

Isto faz com que os processadores tenham dificuldade para obter amêndoas de qualidade, o que reduz a capacidade de exportação de produtos do setor, particularmente o cacau em pó, segundo informou Jasman, que dirige a Bumi Rangerang, quarta maior processadora de cacau da Indonésia.

As exportações de cacau em pó da Indonésia caíram de 36,4 mil toneladas em 2000, para 28,25 mil toneladas em 2003, enquanto as importações cresceram consideravelmente de apenas 3 mil toneladas em 2000 para 17,56 mil em 2003. O cacau em pó é usado como ingrediente para fazer bolos, sorvetes e biscoitos.

Para suplementar a escassez de amêndoas de boa qualidade, as processadoras nacionais de cacau agora importam amêndoas de melhor qualidade e mais caras de países produtores como Gana.

Mas a escassez de amêndoas fermentadas no mercado nacional está acabando com a competitividade das processadoras indonésias, que também precisam pagar um imposto sobre o valor agregado de 10% sobre o cacau que processam.

O setor de processamento do cacau da Indonésia operou com 50% da sua capacidade instalada de 310 mil toneladas anuais em 2004, devido à falta de matéria-prima. "Provavelmente, a persistirem as condições atuais, este ano veremos uma ou duas processadoras fecharem as portas", disse Jasman.

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