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Indústria alerta para “apagão” de fertilizantes

Capacidade de portos brasileiros não acompanhou a procura


Demanda por defensivos agrícolas deve crescer em 2011, mas capacidade de portos brasileiros não acompanhou a procura

A escalada das cotações internacionais dos grãos nos últimos meses de 2010 pode levar o Brasil a um novo apagão no setor de fertilizantes no primeiro semestre do ano que vem. O alerta vem da indústria, que prevê aumento na demanda por defensivos agrícolas em 2011. O consumo nacional deve somar 24,5 milhões de toneladas neste ano (aumento de 8,9% ante 2009) e continuar crescendo em 2011, superando o recorde registrado há três anos, quando o volume vendido beirou 25 milhões de toneladas, conforme a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

Como cerca de 70% do nitrogênio, do fósforo e do potássio (NPK, principal formulado) usados nas lavouras brasileiras vêm de fora do país, pode haver dificuldades caso o aumento da de­­manda interna se confirme. A capacidade de Santos e Parana­guá, principais portas de entrada dos fertilizantes importados, não acompanhou o crescimento do consumo de adubos, justifica o presidente do Sindicato da In­­dústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado do Paraná (Sindiadubos), José Carlos de Go­doi. “O problema de Parana­guá nem é tanto a eficiência do porto, mas sim o seu tamanho”, esclarece.

Perto de 45% dos fertilizantes importados pelo Brasil anualmente entram no país pelo terminal portuário paranaense, informa o dirigente. Além do Paraná, o produto que chega por Paranaguá atende também aos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Minas Gerais.

Godoi relata que os preços em alta estimulam o plantio de grãos e que, por isso, as vendas de adubos, que já estão aquecidas por causa do milho safrinha e do trigo, tendem a crescer ainda mais a partir de fevereiro, quando Mato Grosso começar a descer soja para Paranaguá. “Os produtores vão querer antecipar as compras para aproveitar o frete de retorno e isso pode causar congestionamentos no porto”, explica. “Se isso acontecer, pode causar falta de produto na fábrica, dificultando ou até atrasando a entrega do produto ao consumidor final”, prevê o presidente do Sindiadubos.

Segundo Godoi, um possível apagão portuário nos primeiros meses do ano que vem encareceria em US$ 18 o custo da tonelada dos produtos, alta que deve ser repassada ao produtor e tende a contaminar toda a cadeia produtiva, chegando inclusive ao consumidor.

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