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Indústria aperta o cerco à soja cultivada na área amazônica

Moratória da soja começa a mostrar alternativas reais para o cultivo da oleaginosa


Um ano depois de ter sido decretada, a chamada Moratória da Soja começa a mostrar alternativas reais para inibir o cultivo da oleaginosa em áreas desmatadas na Amazônia. O grupo de trabalho, formado por representantes das indústrias processadoras e sete Organizações Não-Governamentais (ONGs), apresentou alguns resultados, como recuo de desmatamento, além de propostas para criar controle efetivo de que a soja comprada não teve cultivo em nova área desmatada no bioma amazônico.

Estima-se que exista hoje 70 milhões de hectares desflorestados na Amazônia - área equivalente à da França - dos quais 1,2 milhão cultivados com soja. "São 200 propriedades rurais", diz Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove).

Alguns resultados foram apresentados, com ressalvas, neste primeiro ano de moratória. Em Santarém (PA), por exemplo, a área plantada com o grão caiu 40% nos últimos 12 meses para 24 mil hectares, segundo Danicley de Aguiar, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do município. "Deixamos de adquirir soja de área de desmate na região", conta Afonso Champi Jr, diretor de Assuntos Corporativos da Cargill.

O estado de Mato Grosso também desmatou menos no último ano, cerca de 40%, em relação aos 12 meses anteriores. "Não podemos delegar esses resultados apenas à moratória. O recuo dos preços da soja desestimulou o plantio e abertura de novas áreas. O grande desafio será nesta safra", diz o representante do Greenpeace, Paulo Adario.

A principal proposta estudada no último ano foi a de implantação de um sistema de monitoramento por satélite e fiscalização de novas áreas de desmate, que seria auditado por um órgão externo aos integrantes da Moratória. A intenção é que o sistema esteja em operação em um ano, mas o grupo ainda não tem calculado o volume de recurso necessário e nem indicação precisa das fontes. "Até agora, as entidades cederam técnicos e conhecimento. Essa segunda fase, demandará recursos para implantação e operação do sistema de monitoramento. O governo deve entrar com uma parcela", resume Lovatelli.

Há um ano, os associados da Abiove e da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) - que movimentam 92% da soja produzida no País - anunciaram aos produtores das regiões em que atuam que não iriam adquirir grão originada de cultivo de novas áreas desflorestadas. No entanto, apesar da iniciativa, não é possível garantir que 100% da soja movimentada pelas empresas esteja dentro dos padrões estabelecidos na moratória, afirma Adario. "Só teremos essa garantia, com o monitoramento", acrescenta.

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