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Indústria de cana do centro-sul deixa de gerar R$1,2 bi por protestos

No período, 67,46 por cento da oferta de cana foi destinada ao álcool, ante 52,55 por cento há um ano.


O setor sucroenergético no centro-sul do Brasil deixou de gerar 1,2 bilhão de reais em receita com vendas de açúcar e etanol devido aos protestos de caminhoneiros em maio, informou a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) nesta terça-feira, acrescentando que a moagem na segunda quinzena do mês passado caiu ante a primeira.

Em relatório, a entidade informou que comercialização de açúcar para o mercado externo alcançou 703,68 mil toneladas na última metade do mês passado, enquanto a média para essa quinzena nas três últimas safras foi de 1,30 milhão de toneladas.

“O centro-sul deixou de entregar 160 mil toneladas de açúcar para comercialização no mercado doméstico e mais de 170 mil toneladas para exportação”, afirmou o diretor-técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, em nota.

No caso do etanol, após sucessivos recordes, o volume de hidratado vendido internamente caiu para 564,45 milhões de litros na metade final de maio, contra 760,03 milhões na quinzena passada e 601,47 milhões em igual momento de 2017.

Quanto ao etanol anidro, apenas 226,95 milhões de litros foram comercializados pelo centro-sul, menos da metade do volume registrado no mesmo período da safra 2017/18.

Como resultado, as vendas totais de etanol pelas usinas em maio caíram 6 por cento, para 1,88 bilhão de litros, disse a Unica.

“Embora em plena safra e com produção crescente de etanol, as distribuidoras não conseguiam retirar o biocombustível nas usinas e destilarias”, explicou Rodrigues.

Segundo ele, nos dias de paralisação, as unidades deixaram de entregar 300 milhões de litros de etanol hidratado e 150 milhões de litros de anidro.

A Unica comentou ainda que a demanda de combustíveis do ciclo Otto (gasolina C + etanol hidratado), em gasolina equivalente, apresentou uma “sensível” queda de 1,6 por cento no período de janeiro a abril de 2018, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

“O cenário deve se acentuar nos próximos meses, também em função da queda no consumo indicada em maio decorrente da greve dos caminhoneiros.”

A previsão para o ciclo de abril/2018 a março/2019 indica que a demanda de ciclo Otto deverá indicar uma retração entre 2 a 2,5 por cento, segundo a Unica.

MAIS IMPACTOS
Na segunda quinzena de maio, as usinas seguiram privilegiando a produção do biocombustível, mas os volumes produzidos foram afetados pela greve.

No período, 67,46 por cento da oferta de cana foi destinada ao álcool, ante 52,55 por cento há um ano.

Conforme a entidade, o equivalente a quatro dias e meio de processamento de cana foi perdido na segunda metade do mês passado em razão das manifestações.

“Deixamos de processar cerca de 13 milhões de toneladas nessa quinzena, devido à suspensão das operações pela falta de diesel e outros insumos à produção”, afirmou o diretor técnico da Unica.

No Paraná, Estado mais impactado, a perda chegou a dez dias de moagem, acrescentou.

Como resultado, o processamento no período foi de 32,38 milhões de toneladas, ainda assim 2,2 por cento maior na comparação com igual momento de 2017, quando chuvas em excesso atrapalharam os trabalhos. Frente à primeira metade do mês, o tombo foi de mais de 20 por cento.

No acumulado da temporada 2018/19, iniciada em abril, a moagem atinge 134,83 milhões de toneladas, aumento de 20,1 por cento frente igual momento de 2017/18.

Segundo a Unica, a produção de açúcar na quinzena despencou quase 24 por cento, para 1,34 milhão de toneladas, refletindo não só a redução na oferta de matéria-prima, mas também o próprio mix ainda pendendo para a fabricação de etanol.

Foram fabricados 1,74 bilhão de litros de etanol (alta de 44,53 por cento, dos quais 546 milhões de anidro e 1,19 bilhão de hidratado.

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