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Indústria de cana vê alta de até 7% na produtividade em 12/13

Crescimento significaria recuperação após pior safra em mais de uma década


SÃO PAULO - Uma melhora na taxa de renovação dos canaviais do centro-sul do Brasil e condições climáticas vistas até o momento como regulares poderão resultar em um aumento de até 7 por cento na produtividade média da cana da safra 2012/13, na região que responde por cerca de 90 por cento da produção nacional.


Esse crescimento significaria apenas uma recuperação após a pior safra em mais de uma década em 2011/12, quando a produtividade caiu mais de 15 por cento em relação à média histórica, em meio a problemas climáticos que reduziram a qualidade e o volume processado. O envelhecimento do canavial também afetou o total colhido.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) avalia que a haverá um incremento de aproximadamente 40 por cento na colheita de cana de primeiro corte (de produtividade mais alta) em 2012/13, na comparação com a temporada anterior, quando no plantio da safra 11/12 o setor ainda digeria os efeitos dos baixos investimentos após a crise de 2008 e investiu pouco na renovação dos canaviais.

Como consequência, a moagem na safra 2011/12 do centro-sul do Brasil, maior produtor e exportador global dos produtos derivados da cana, recuou mais de 10 por cento ante 10/11, para 493,5 milhões de toneladas.

"Tem um canavial com um perfil um pouco diferente do colhido em 2011..., porque foi muito baixa a colheita de primeiro corte em 2011... Evidentemente, não significa grande recuperação, continua um canavial envelhecido", disse o diretor-técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, sem fazer uma estimativa para a produção 2012/13.

Essa área de colheita de primeiro corte deverá representar cerca de 16 por cento da área total em 12/13, cuja colheita começa oficialmente em abril no centro-sul.

"Esse (a renovação) é o primeiro efeito positivo...", disse Pádua, observando que as condições climáticas também tiveram bons momentos nos últimos meses e as previsões apontam chuvas próximas da média este ano.

"Então há aposta na recuperação da produtividade de 4 a 5 toneladas por hectare de cana em relação ao ano passado", comentou o diretor, observando que na temporada 2011/12 a produtividade foi das mais baixas da história, inferior a 70 toneladas por hectare, contra uma média histórica no centro-sul de 84 toneladas/ha.


O crescimento da produção de cana é essencial para que o setor reduza a ociosidade da indústria. Atualmente, o déficit entre a capacidade de moagem e a produção de cana está em 160 milhões de toneladas, segundo a Unica.
Pádua não comentou sobre eventual aumento de área plantada no centro-sul e o efeito disso para a produção.

CRESCIMENTO MAIOR NO FUTURO

Tanto a indústria quanto associações de produtores avaliam que um crescimento maior na produção de cana, dentro das necessidades do Brasil, só ocorrerá nos próximos anos.

Em 2011, em meio à quebra de safra de cana, o consumo de etanol hidratado caiu quase 30 por cento, fruto dos preços pouco competitivos com a gasolina, cuja cotação é controlada indiretamente pelo governo.

Segundo a Unica e produtores de cana, a renovação dos canaviais crescerá novamente em 2012 para a safra a ser colhida em 2013.

"O plantio que está sendo feito agora poderá ser um marco na recuperação (da produção de cana)", disse Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste, estimando a renovação das áreas de abrangência da associação, no oeste de São Paulo, entre 12 e 13 por cento.

Mesmo com esta taxa de reforma, a melhora da produtividade ainda não será considerável, na avaliação dele.

Para o plantio deste ano, Ortolan prevê um cenário favorável para o cultivo, com mais estímulo ao uso de tecnologias, melhor trato dos canaviais e possibilidade de mais acesso a crédito com

juros mais baixos, através das linhas de crédito do governo para renovação de canaviais.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá 4 bilhões de reais para incentivar a renovação de canaviais e a ampliação da área plantada neste ano.

Já o presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Celso Torquato Junqueira, ponderou que ainda se tem um número muito grande de unidades que não conseguiu recursos para recuperar canaviais, o que indica que 2012 poderá ser semelhante a 2011.

"Por ora, não devemos ter grandes alterações... canaviais velhos e a redução de tratos culturais ainda deixam sequelas", disse Junqueira. "Se de fato o crédito chegar ao produtor, isso se refletirá somente a partir de 2013", acrescentou.

Junqueira citou as linhas de crédito específicas para a renovação de canaviais, mas ponderou que os produtores independentes, que não são ligados a grandes usinas, normalmente encontram dificuldades para ter acesso a esses recursos.

Mas a Unica vê indicação de melhora com o programa do BNDES.

"Diria que o Programa Prorenova do BNDES venha a contribuir... esperamos que esse programa se repita para o plantio de 2013", disse Pádua, acreditando que a luta é para "otimizar a capacidade".

Ele prevê que o déficit de 160 milhões de toneladas poderá ser coberto somente na safra 2015/16, com o crescimento gradativo da safra nos próximos anos.

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