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Indústria de óleo gaúcha importará grãos

A indústria de óleos vegetais do Rio Grande do Sul já se prepara para buscar longe a matéria-prima que precisa


A indústria de óleos vegetais do Rio Grande do Sul já se prepara para buscar longe a matéria-prima que precisa para manter suas máquinas em operação. Com o desastre climático deste ano, não haverá grãos em volume suficiente para atender aos contratos para este ano, afirmou ontem o presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli. A maioria dos fabricantes de óleos vegetais do País mantém plantas em território gaúcho, onde a quebra da produção de soja chega a 61,4% e de milho, a 55% .

O Sindicato da Indústria de Óleos Vegetais do Rio Grande do Sul informou que a capacidade de esmagamento de grãos da indústria gaúcha é de 3,31 milhões de toneladas. A safra não deverá alcançar esse volume. Segundo a Associação Riograndense de Empreendimentos e Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS), a produção gaúcha de soja será de 3,2 milhões de sacas e o projetado inicialmente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) era de uma colheita de 8,3 milhões de sacas.

"Vamos buscar grãos nos estados vizinhos e até nos países do Mercosul, se necessário", disse Lovatelli, que também é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove). O consolo para essa situação tão grave, segundo o empresário, é a recuperação dos preços, que neste ano já alcança 25%.

A quebra da safra não é a única motivação para essa surpreendente recuperação dos preços, afirmou Lovatelli. Para ele, um conjunto de fatores contribui para fortalecimento do mercado. "Todos os fundamentos são favoráveis à alta das cotações da soja", disse. O presidente da Abag citou alguns dos fatores altistas o relatório do Usda, que prevê redução da área plantada da soja, em favor do plantio de milho. E ainda: a disposição da China em ampliar suas importações de soja, por causa do crescimento do consumo interno de carne. Outro fator de alta tem origem doméstico, que é a desvalorização cambial. Lovatelli acredita que a elevação do dólar deverá ser um alento para o setor. Mas, na sua opinião, o "câmbio bom", para o setor seria de R$ 3,00.

Moeda de troca

Se a indústria gaúcha de óleos vegetais decidir buscar grãos para operar suas unidades nos países vizinhos, terá este ano a oportunidade inédita de usar reais em vez de dólares em suas importações. A circular do Banco Central de número 3266, editada em fevereiro, em seu artigo 15, tornou possível receber e pagar em reais por exportações e importações, desde que a operação seja registrada no Sistema Integrado

de Comércio Exterior (Siscomex).

O livre comércio entre países vizinhos vem sendo defendido há anos pelo ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Arnim Lore. Para ele, não existe razão para que dois países próximos utilizem uma terceira moeda, no caso o dólar, para fazer uma transação comercial. A liberalização das operações comerciais internacionais é chamada por Lore de "comércio hidramático", uma vez que dispensa a intervenção do Estado para a liquidação das operações de compra e venda.

A inspiração para a proposta de criação de um sistema de trocas diretas entre empresas de diferentes países partiu da sua observação do que ocorre na Europa. As negociações entre comerciantes dos países europeus se dá de forma direta há séculos, embora as moedas vigentes fossem diferentes. Para o Lore, no Brasil, a concretização desse sistema depende ainda do Siscomex, que deverá definir as regras para a forma como serão liquidadas as operações.

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