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Indústria diz ter criado fertilizante inteligente

Sul, Centro-Oeste e Nordeste testam produto


Sul, Centro-Oeste e Nordeste testam produto que promete redução expressiva nas perdas de fósforo, componente essencial às plantas

Barcelona - Mais de 30 pesquisadores, técnicos, representantes de cooperativas e produtores brasileiros foram à Espanha para conferir uma nova fórmula de fertilizante que promete melhorar a eficiência de fósforo no solo. O produto, denominado Top-Phos, deve ter os primeiros resultados conferidos ainda nesta colheita em lavouras do Brasil.


Produtores brasileiros do Sul, Centro-Oeste e Nordeste que aplicaram o novo adubo em pequenas áreas de soja e milho estariam comprovando mudanças no aspecto físico das plantas. O fósforo é considerado essencial para a vida. É utilizado na armazenagem de energia.

“Ainda não começamos a colher, mas notamos que as folhas estão mais verdes, altas e que as raízes ficaram mais volumosas, permitindo o arranque com mais facilidade”, relata Claudiney Turmina, da Cooperalfa, de Chapecó (Santa Catarina). No Paraná, algumas lavouras em Ponta Grossa (Campos Gerais), Londrina (Norte) e Palotina (Oeste) também já receberam aplicação do Top-Phos e estão na fase final do ciclo.

A aplicação de fósforo é uma das problemáticas do campo, com elevados índices de perda do componente devido a sua ‘neutralização’ diante do pH (acidez) do solo. Além disso, a baixa mobilidade do fósforo dificulta o acesso das raízes das plantas. Pesquisas mostram que, a cada 100 quilos de fósforo aplicados, apenas entre 45 e 50 são de fato aproveitados pelas planta.

Experiências feitas em laboratórios espanhóis e apresentadas à comitiva brasileira mostram que o produto aumenta de 45% a 80% a disponibilidade de fósforo no solo nos primeiros dias de cultivo. O diretor do Centro de Investigação em Produção Animal e Vegetal (Cipv- Espanha), doutor Jose Maria Garcia Mina, explica que o comportamento é atribuído a uma molécula orgânica que se liga ao fósforo através de uma ponte metálica, inibindo sua reação diante de outros metais presentes na terra.


Enquanto fertilizante, “o produto não é melhor e nem pior, mas sim diferente”, destaca o ‘pai’ da pesquisa. Para desenvolver o novo fertilizante, o grupo Roullier, dono da patente, investiu cerca de 4 milhões de euros, conforme Garcia Mina, e contou com a parceria da Universidade de Navarra (Espanha). A meta é estreitar a relação com as universidades brasileiras. Professores de diversas instituições de ensino brasileiras integraram a expedição na Espanha.

A promessa de melhor aproveitamento do fósforo pode compensar o preço mais caro do novo produto, comercializado no Brasil pela Timac Agro. “Com o Top-Phos, o produtor pode dispensar a aplicação de fósforo por pelo menos duas safras”, afirma Marco Justus, diretor da empresa no Paraná.

Segundo ele, o fertilizante representa investimento de uma saca e meia a mais por hectare, com um custo de R$ 1.300 por tonelada. O valor é quase o dobro do preço da fórmula “supersimples”, que custa R$ 700 por tonelada. “Nossa meta de venda é modesta, de 60 mil toneladas de janeiro a junho deste ano. Isso representa somente 1% do mercado”, diz Justus.

O Brasil importa cerca de 50% de todo o volume de fosfatados consumidos no país, cerca de 5 milhões de toneladas. O Paraná é o segundo maior consumidor do país, com 853 mil toneladas estimadas em 2009.

O repórter acompanhou o grupo de brasileiros na Espanha a convite da Timac Agro Brasil

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