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Indústria do trigo prevê preços firmes até 2008

Nem mesmo a entrada do cereal argentino no mercado internacional fez cotações recuarem, o que preocupa a indústria


Os preços do trigo no mercado internacional só devem ceder a partir de julho de 2008, quando os países do Hemisfério Norte começam a colher a nova safra. Até lá, as cotações podem até oscilar com a entrada da safra argentina, a partir de novembro, mas a demanda firme num ano-safra de produção menor deve limitar o recuo das cotações. A análise é feita pelo diretor-presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, que prevê um cenário preocupante para a indústria.

Segundo ele, a concorrência com a farinha de trigo argentina limita o repasse do custo da matéria-prima ao produto processado. O executivo diz que em São Paulo a farinha usada na panificação é comercializada hoje por R$ 56,50 a saca (50 quilos), em média, quando o custo de reposição chega a R$ 60/saca.

A maior parte do trigo importado pelo Brasil vem da Argentina, que recolhe imposto de exportação de 20% sobre o cereal e de apenas 10% na farinha de trigo. O preço da matéria-prima também não é o mesmo. Enquanto os moinhos argentinos pagam pelo trigo cerca de US$ 140/tonelada, o importador desembolsa hoje US$ 340/tonelada.

Em alta:

Os preços do trigo no mercado internacional vêm subindo desde o início do ano. Na Bolsa de Chicago, o contrato de trigo com vencimento em dezembro acumulava na sexta-feira (19) uma alta de 67,09% desde janeiro, e de 84,08% no intervalo de um ano. Em setembro, o preço médio do trigo adquirido no exterior pelos moinhos brasileiros foi 46,2% superior ao pago no mesmo mês de 2006: US$ 236/tonelada, ante US$ 162/tonelada. De janeiro a setembro os gastos com a importação cresceram 59,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 1,125 bilhão, ante US$ 706 milhões nos nove meses de 2006, sem considerar impostos ou fretes.

Já em volume, as importações aumentaram 14,6%, passando de 4,891 milhões de toneladas de janeiro a setembro de 2006 para 5,603 milhões de toneladas nos nove meses deste ano. Já as importações de farinha de trigo duplicaram em volume, atingindo até setembro 415 mil toneladas.

Para Pih, além do custo da matéria-prima, os fretes têm subido por causa do petróleo, encarecendo a importação. Já o abastecimento não deve ser um problema em 2008. "A Argentina deve colher até 16 milhões de toneladas, o que, somado ao estoque de passagem de uma safra para outra, deve chegar a 18 milhões de toneladas", avalia. Hoje o mercado argentino continua travado, à espera da emissão de licenças para exportação de trigo, o que deve acontecer logo após as eleições presidenciais no país.

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