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Indústria esmagadora teme o calote dos produtores de soja


A indústria esmagadora de soja está preocupada com a possibilidade de que alguns produtores rurais possam deixar de entregar soja negociada antecipadamente por conta da disparidade de preços provocada pela redução na produção brasileira, em razão do clima. Muitos agricultores sobretudo de Goiás, já haviam vendido - nas chamadas operações de soja verde - no ano passado para entrega depois da colheita, a partir de abril. Como os preços duplicaram, eles alegam que precisariam rever os contratos.

"É um fato. Produtores de Goiás não querem entregar soja nos preços atuais o que preocupa muito todo a cadeia", diz Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag). Segundo o representante da indústria, em 2003 alguns produtores venderam soja para entrega neste ano a preços em torno de R$ 29 por saca (60 quilos).

Alta expressiva

À época, o preço era considerado bom, mas as cotações internacionais dispararam depois por conta das previsões de queda na safra da América do Sul (Brasil e Argentina) "e hoje a saca é negociada a até R$ 55 em Goiás", diz. Nos últimos 12 meses, os preços internacionais da soja acumulam alta de 60% na Chicago Board of Trade (CBoT).

A expectativa de alguns representantes do mercado é de que a tendência de alta nos preços da soja se mantenha porque os chineses têm um potencial muito grande de aumento no consumo de óleo de soja. Apesar da queda na demanda por carne de frango - por conta da gripe de aves - na Ásia e Estados Unidos e consequentemente na procura por farelo, que é usado como ração animal, os chineses podem ampliar muito as vendas de óleo de soja.

No início do ano passado, a situação foi idêntica em relação a alguns produtores de Goiás, que também se recusavam a entregar a soja negociada anteriormente, por conta da expressiva disparidade de preços. Para Lovatelli, a situação é preocupante porque põe em risco a credibilidade de toda comercialização de soja, "que levou anos para atingir o atual status".

O pior, diz o presidente da Abiove, é que são pequenos produtores e justamente os mais necessitados em termos de comercialização. "Se insistirem em não entregar, ficarão marcados e nunca mais vão conseguir negociar soja", afirma Carlo Lovatelli que também é diretor da Bunge, uma das maiores empresas esmagadoras do País e do mundo.

Margens reduzidas

O executivo informa também que por se tratar de commodity - portanto sujeito a preços internacionais e com toda transparência por ser negociado em bolsa - as empresas quando negociam com os produtores são obrigadas a fazer hedge para se protegerem de oscilações de preços. "As margens na soja são muito reduzidas", diz Lovatelli.

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