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Indústria nega menor oferta convencional

Sementes GM-free teriam encalhado no armazém


Multiplicadores alegam ter elevado a oferta de de soja convencional , mas, com baixa procura, sementes GM-free teriam encalhado no armazém

Após cinco safras, a avanço dos transgênicos no Brasil é inegável. Apenas uma de cada cinco sacas de soja e milho que os produtores irão colher em 2011 será convencional, apurou a Expedição Safra. Os dados mostram que as sementes geneticamente modificadas (GM), que no verão passado cobriam 63% das lavouras, vão ocupar 81% da área brasileira no ciclo 2010/11.

Diante da rápida expansão, indústrias especializadas no processamento de grãos não-transgênicos preveem dificuldade de abastecimento. A Coamo, de Campo Mourão, por exemplo, tem contratos para exportar 1 milhão de toneladas de farelo de soja convencional para a Europa, mas quase 90% das 3 milhões de toneladas que espera receber em 2010/11 serão transgênicos.

A Imcopa planeja comprar 2 milhões de toneladas em 2011, metade no Paraná e metade em Mato Grosso. “O desafio é conseguir comprar esse volume no Paraná, que reduziu substancialmente sua produção de soja convencional”, pontua o diretor de Operações, José Enrique Traver.

Produtores justificam a preferência pela falta de opção. As alternativas GM, alegam, são mais numerosas e produtivas. Segundo eles, a maior parte das variedades de semente de soja lançadas no mercado a cada ano são transgênicas. “Na safra 2010/11, apenas uma das nove novas cultivares era convencional”, calcula o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini.

Do outro lado, empresas fornecedoras de sementes rebatem que a expansão das lavouras GM ocorre por opção do produtor. A Monsanto, multinacional norte-americana detentora da tecnologia Roundup Ready (RR), a única soja GM disponível atualmente no mercado nacional, nega que as variedades transgênicas tenham a preferência no funil entre pesquisa e mercado. “A linha de sementes de soja convencional (Monsoy) é o nosso maior mercado no Brasil”, frisa o presidente da empresa no país, André Dias.

De acordo com a Monsanto, a demanda por sementes convencionais foi menor do que o esperado neste verão. Conforme levantamento realizado pela multinacional, o estoque de sua rede de multiplicadores supera 200 mil sacas em todo o Brasil. Os sementeiros confirmam o encalhe. Eles relatam ter elevado a oferta de variedades de soja convencional neste ano, e reclamam ter perdido negócios com a estratégia.

“Se tivesse só sementes transgênicas teria vendido mais. A convencional ficou encalhada no estoque”, lamenta Nelson Arlindo Bess, proprietário da Sementes Bess, de Campos Novos (SC). Ele resolveu ampliar a oferta de sementes de soja tradicional neste ciclo porque a procura foi boa em 2009/10. “Ano passado fiz 20% e vendi tudo, até faltou. Neste verão, aumentei a proporção de convencional para 30%, mas acabei me dando mal. Na próxima safra não vou fazer nem uma saca”, afirma.

“Ofertei neste verão 20 variedades de soja transgênica e 10 convencionais. Os 5% que tinha de não-transgênica sobraram”, confirma William Guerreiro, gerente da Belagrícola, de Londrina. “Não acho que seja um problema no Paraná, mas em alguns casos, como em Mato Grosso, as sementes transgênicas são mais produtivas. De qualquer maneira, plantar GM é mais cômodo para o produtor”, considera.

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