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Indústria sucroalcooleira registra expansão em Minas

O desempenho positivo deve-se, sobretudo, à expansão das indústrias recém-instaladas no Triângulo Mineiro


A produção de cana-de-açúcar em Minas Gerais saltou nos últimos dez anos de 13,3 milhões de toneladas para 39,5 milhões. Para a safra atual, as expectativas são de um aumento de 17,8% em relação a 2007. A área plantada de 409 mil hectares em 2007 deve ter um aumento em 2008 de 10%. O desempenho positivo deve-se, sobretudo, à expansão das indústrias recém-instaladas no Triângulo Mineiro.

Desde 2005, foram anunciados 44 projetos de implantação ou expansão em Minas. Somados, os investimentos previstos são de R$ 10,1 bilhões. Devem ser gerados mais de 59 mil novos postos de trabalho. Com todas em plena operação (o que deve acontecer em meados da próxima década), o processamento de cana-de-açúcar para produção de açúcar e álcool passaria das atuais 36,5 milhões de toneladas para aproximadamente 100 milhões.

O crescimento da indústria sucroalcooleira de Minas coincide ainda, com a mobilização empresarial e governamental com vistas à liberação de preços, a desregulamentação setorial e a reativação do Proálcool, rebatizado como Programa de Energia Renovável.

Maiores grupos

O grupo Tércio Vanderlei, proprietário das usinas Coruripe, é proprietário de quatro usinas em Minas Gerais (em Iturama, Campo Florido, Carneirinho e Limeira do Oeste) e deverá moer cerca de 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar nesta safra. O grupo projeta construir mais três unidades: Campo Florido II, Prata e União de Minas. Com os novos projetos, um investimento de R$ 750 Milhões, o grupo deve aumentar a capacidade de produção em 50%.

Proprietário das Usinas Caeté, o grupo Carlos Lyra com usinas em Delta e Conceição das Alagoas processa mais de 8 milhões de toneladas e pretende ampliar sua produção. A Usina bom Jardim, no município de Frutal, é o novo projeto do grupo Moema que já detém dois outros empreendimentos em Minas Gerais. Com investimento de R$150 milhões deverá acrescentar 2 milhões de toneladas de cana à capacidade de produção do grupo.

Estudo agroclimático

O Estado disponibiliza o estudo “Zoneamento agroclimático da cana-de-açúcar para o Estado de Minas Gerais”. O estudo, elaborado pela Epamig, leva em conta a temperatura média anual, o tipo de solo, a declividade e a deficiência hídrica (a quantidade de água necessária para a manutenção do canavial).

O estudo também mostra que, além do Triângulo Mineiro existem áreas em outras regiões do Estado aptas ao plantio da cana. A Universidade Federal de Lavras elaborou um levantamento econômico-ecológico que, de acordo com o diretor do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi), Maurício Cecílio, “auxilia o empreendimento na definição do local de instalação da unidade industrial e contribui para o processo de licenciamento ambiental”.

Cana não ameaça produção de alimentos

O secretário da Agricultura de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues, considera sem fundamento a polêmica criada entorno da produção de combustíveis a partir de matéria-prima vegetal. Para Gilman, a produção dos biocombustíveis não está provocando escassez de alimentos e nem contribuindo para a alta de preços. “Este discurso vem dos Estados Unidos, sendo feito por críticos do governo daquele país, que decidiu criar um programa de produção de etanol a partir do milho, mas não se aplica ao Brasil. Nossa opção é pelo combustível à base de cana-de-açúcar. Em Minas, a cultura ocupa menos de 1% da área total do estado, enquanto as lavouras de grãos ocupam 4,5%”.

O Brasil faz o etanol a partir da cana-de-açúcar enquanto os Estados Unidos fazem a partir do milho. A opção dos americanos pressiona muito mais os preços dos alimentos em razão de o grão ter maior participação na alimentação humana direta (consumo) e indireta (ingrediente de ração animal).

Além disso, o milho é menos produtivo. Cada hectare produz 2,7 mil litros de etanol enquanto o hectare de cana rende cerca de 7 mil litros. Para produzir um litro de etanol a partir do milho, gasta-se 6.597 kcal, enquanto a produção a partir da cana consume 1.518 kcal. Ou seja, a produção com milho consome 4,3 vezes mais energia que a com cana. Segundo Gilman Viana, a elevação de preços dos alimentos decorre principalmente do aumento da capacidade consumo. “O momento é bom para o agronegócio porque o poder de compra das famílias melhorou no mundo inteiro”, afirma.

Energia

A cana-de-açúcar pode dar apoio também à produção de energia elétrica no Estado. O processo partiria da queima do bagaço na caldeira que geraria vapor para mover um turbogerador. Essa energia ficaria disponível durante a moagem da cana que, em Minas Gerais, vai de abril a novembro

O potencial de geração elétrica de todos os projetos de Minas combinados é de 4,6 mil MW. Tirando o que a própria usina vai consumir, o excedente energético será de 2.175 MW. A venda desse excedente seria feita pela Cemig por meio de leilões. A estatal também ficaria responsável pela construção das linhas de transmissão

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