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Indústrias brasileiras e alemãs negociam agenda comum para o clima

Parceria já valeria a partir da RIO +20, de 20 a 22 de junho


Durban (África do Sul) - Representantes das indústrias brasileiras e alemãs na 17ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP 17) se reuniram nessa segunda-feira, 5 de dezembro, em Durban, na África do Sul, e demonstraram interesse em trabalhar juntos na agenda de mudanças climáticas. A parceria entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a sua congênere alemã, a Bundesverband der Deutschen Industrie (BDI), já valeria a partir da RIO +20, de 20 a 22 de junho, no Rio de Janeiro, e seria estendida também para as COPs, a partir da edição 18, que será em Doha, no Qatar. O Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) também participou do encontro.

"Existem pontos importantes da agenda do clima que às vezes os negociadores dos nossos países não conseguem acompanhar. Por isso, é importante o setor empresarial preencher essas lacunas", afirmou Stefan Mair, vice-presidente da BDI.

"Temos muitas pontes a construir entre as delegações empresariais. Um exemplo é o direito de propriedade intelectual, que deve ter prioridade na esfera de tecnologia nas negociações de mudanças climáticas", disse Thomas Koenen, diretor-executivo de Clima e Desenvolvimento Sustentável da BDI. Os posicionamentos da CNI e da BDI nesse tema são coincidentes. As duas instituições consideram que o enfraquecimento dos direitos de propriedade intelectual poderá desmotivar as empresas a investirem na criação e na captação de novas tecnologias.

Para a analista de Meio Ambiente da CNI, Paula Bennati, a união do setor empresarial dos dois países também na área de mudanças climáticas (CNI e BDI são parceiras há muitos anos no fortalecimento das relações empresariais entre Brasil e Alemanha) dará musculatura para as negociações nos pontos em que as posições forem coincidentes com as dos respectivos governos.

ENERGIA - Os alemães propuseram, no encontro desta segunda-feira, que as instituições envolvidas trabalhem para fortalecer a integração das agências de pesquisa e desenvolvimento dos dois países e incentivar a pesquisa privada. "Queremos colocar os engenheiros alemães junto com os brasileiros para melhorarmos a pesquisa em hidroeletricidade e transferência de tecnologia nessa área", disse Thomas Kraneis, da German Association of Consulting Engineers (VBI, na sigla em alemão).

Kraneis demonstrou preocupação em melhorar a produção de energia a partir de fontes renováveis porque a Alemanha fechou neste ano oito dos 17 reatores nucleares que possui para evitar desastres nucleares, preocupação que já vinha sendo discutida antes do recente desastre em Fukushima, no Japão. "Até 2022 fecharemos todas as plantas nucleares e precisaremos reconstruir nossa capacidade de geração com energia renovável, para não aumentarmos permanentemente nossas emissões de gases do efeito estufa (GEE)", analisou. Como a energia nuclear era responsável por um quarto do consumo energético alemão, o país teve de religar usinas a carvão e a gás, emitindo muito mais gases do efeito estufa do que antes.

Os representantes da BDI informaram ainda que diversas empresas multinacionais alemãs devem comparecer à Rio +20 com grandes estandes, inclusive a BDI. "Nossa participação será muito grande, porque as empresas alemãs já fizeram da produção sustentável seu modelo de negócios", informou Thomas Koenen.

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