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Infestação da Cochonilha do Carmim preocupa produtores da Paraíba

Acredita-se que mais de 50% da área plantada com palma já esteja contaminada


Preocupados com as consequências da destruição dos campos de palma pela cochonilha do carmim, representantes e autoridades das principais instituições do setor agropecuário da Paraíba estiveram reunidos, a convite do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (FAEPA), Mário Borba, na manhã de da terça-feira (07-02) para traçar um plano emergencial de controle da praga.


Acredita-se, hoje, que mais de 50% da área plantada com palma (160 mil hectares) já esteja contaminada pela cochonilha e o prejuízo já começa a ser sentido. No Cariri, os produtores de leite, que na sua grande maioria utilizam a palma na alimentação do rebanho, já começaram a vender seus animais e a produção de leite deverá cair. “Sem a palma não temos condições de alimentar nosso rebanho e a produção fica comprometida; consequentemente nossa renda também é prejudicada”, afirmou o produtor de leite José Dimas, do munícipio de Santo André. “Tenho 58 anos e nunca vi nada igual. A cochonilha entra na nossa casa, deixa os carros brancos e pega até nos animais”, completou o produtor.

A morte de 13 animais na semana passada, em Boa Vista, por contaminação por utilização indevida e sem orientação de agroquímicos mostra o desespero dos produtores na tentativa de eliminar o inseto para salvar sua produção. “Os produtores estão aflitos e o pior, desamparados. Sem nenhum tipo de apoio técnico, estão lançando mão de diferentes produtos tentando salvar seu negócio. Vi produtores aplicando querosene na sua plantação. Este distanciamento do Estado não pode acontecer, não nesta grave situação que enfrentamos hoje”, afirmou o presidente do Sindileite, Pedro Martins.

Após apresentação dos fatos e avaliação da real situação da palma forrageira no estado, o grupo elaborou um plano de trabalho com metas e ações a serem executadas a curto, médio e longo prazo. O plano de trabalho completo deverá ser apresentado ao Governador Ricardo Coutinho ainda esta semana.

De acordo com o presidente da FAEPA, Mário Borba, em caráter emergencial, na tentativa de evitar a falta de alimento para o rebanho, são duas as ações a serem tomadas imediatamente: junto ao Ministério da Agricultura, agilizar o registro de um defensivo agrícola para uso imediato e por meio do Governo do Estado, adquirir bagaço de cana para distribuição, com orientação técnica, nas áreas mais afetadas. “A previsão é que um produto para a palma seja registrado e liberado pela Anvisa até maio deste ano. Vamos trabalhar para que esta liberação saia antes”, afirmou o dirigente.


Além do combate imediato ao inseto, o plano também contempla ações permanentes de convivência com a cochonilha, como a multiplicação e distribuição de variedades resistentes de palma forrageira e a utilização de produtos biológicos ou naturais de forma contínua, com orientação técnica para os produtores. De acordo com o presidente da Emepa, Manoel Duré, o uso de agroquímicos em caráter emergencial não está descartado, porém a preocupação com o acompanhamento na aplicação e segurança ambiental deve ser redobrado. “Não somos contra o emprego de agroquímicos em caso emergencial, desde que sejam registrados e que comprovadamente sejam eficazes e que sua aplicação seja feita com treinamento e conscientização dos produtores”, afirmou Manoel Duré.

Estiveram presentes na reunião promovida pela FAEPA, o secretário executivo da Agropecuária e Pesca (Sedap), Rômulo Montenegro; o superintendente da SFA/PB, Bruno Roberto, o presidente da Emater, Manoel Duré; o diretor técnico da Emater, Wandrick Hauss; o Coordenador do Geda/Sedap, Rubens Tadeu Nóbrega; o Chefe da Defesa Vegetal da Paraíba, Luiz Carlos de Sá Barros; o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Juazeirinho, Humberto Gonçalves; o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite da Paraíba, Pedro Martins e o produtor rural, José Dimas.

Cochonilha do Carmim

Inseto (Dactylopius opuntiae) que ataca a palma forrageira (Opuntia fícus-indica), muito utilizada na alimentação dos rebanhos bovinos, caprinos e ovinos nas regiões semiáridas e áridas do planeta.

Originário do México, mede de 2 a 5 milímetros de comprimento e se alimenta parasitando a seiva da planta e de sua umidade. Para defender-se da predação por outros insetos, produz ácido carmínico, substância de cor vermelha intensa, usada como corante alimentício.

Quando não controlada, é bastante agressiva e pode destruir completamente a palma forrageira em poucos meses.

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