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Infraestrutura de transportes em debate no Senado

Custo do transporte da produção até os portos subiu 204% entre 2003 e 2011


Ao falar sobre os gargalos na infraestrutura, o diretor da CNA , José Ramos Torres de Melo revelou que o custo do transporte da produção até os portos subiu 204% entre 2003 e 2011
O vice-presidente e diretor de logística e Infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Ramos Torres de Melo, participou, na sexta-feira (18-5), do ciclo de debates promovido pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, para discutir os entraves e os desafios que precisam ser enfrentados para melhorar o escoamento da produção nacional. Também participaram do debate representantes do Ministério dos Transportes (MT), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), da Agência Nacional de Transportes Aqüaviários (Antaq), da Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia (SOPH) e da Presidência da República.

No debate, Torres de Melo apresentou a geografia da produção agropecuária brasileira e os corredores de escoamento dos produtos. O diretor da CNA mostrou que a produção de grãos se deslocou, nos últimos anos, da região Centro-Sul do País para acima do Paralelo 16, que corta o Brasil na altura da cidade de Ilhéus (BA). Apesar disso, apenas 14% da produção de milho e soja foram exportados pelos portos da região norte, enquanto que 86% saem pelas regiões sudeste e sul. Segundo Torres de Melo, as grandes distâncias que precisam ser percorridas para o escoamento da produção tiram a competitividade do produto nacional e consomem a renda dos produtores rurais. A solução, defende o diretor da CNA, é o investimento nos corredores que ligam as áreas produtivas que estão acima do Paralelo 16 aos portos do chamado Arco Norte (Porto Velho, Itacoatiara, Santarém, Outeiro, Itaqui e Santana). “Não há como o Brasil se desenvolver, se não tivermos uma boa rede de transportes para escoar a nossa produção”, alertou Torres de Melo.

Para demonstrar o impacto do custo do transporte na renda da produção, Torres de Melo revelou que o produtor rural brasileiro paga, em média, US$ 85 por tonelada de soja transportada até o porto. Na Argentina e nos Estados Unidos, respectivamente, esse valor é de US$ 20 e US$ 23. Outro dado que chama a atenção é o crescimento de 204% do custo de transporte no Brasil entre 2003 e 2011, enquanto que na Argentina foi de 42,9% e nos Estados Unidos, US$ 53,3%, no mesmo período. Em termos de investimento em transportes, o Brasil está em último lugar entre os países que compõem o bloco denominado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) com apenas 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB). A China, segundo Torres de Melo, chega a destinar 10,6% do PIB; a Índia, 8%, e a Rússia 7%.

Segundo o diretor da CNA, os principais gargalos de infrestrutura do Brasil são o baixo investimento no setor, o elevado custo operacional; a inadequada matriz de transporte, focada no modal rodoviário; o desconhecimento da mudança geográfica da produção e a elevada carga tributária. No Brasil, “em um único Estado pode haver até 40 alíquotas de impostos para alimentos”, afirmou Torres de Melo, que lembrou a isenção de impostos sobre alimentos praticada por países como os Estados Unidos e a Inglaterra.

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