CI

Início da safra de grãos eleva valor do frete ao produtor

Em algumas regiões, a alta já chega a 14%, como no Médio Norte de Mato Grosso


Pela primeira vez em três anos, o custo do frete para o caminhoneiro baixou 2,18% em 2006, segundo dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC). Mas, isso não significa que o mesmo movimento vá se repetir no mercado. Bem pelo contrário. Com a chegada da safra de soja no Centro-Oeste, o preço do serviço vem subindo. Em algumas regiões, a alta já chega a 14%, como no Médio Norte de Mato Grosso. A expectativa é de que os valores até dobrem a partir do fim de fevereiro, auge da colheita.

Desde que esse índice da NTC foi criado, em 2003, é a primeira vez que se registra deflação, segundo o assessor técnico do NTC, Neuto Gonçalves dos Reis. Em 2005, a alta foi de 4,27% e, em 2004, de 14,57%. Queda de preços do óleo diesel (0,81%), pneus (11,80%), recapagem (7,30%) e seguros (1,37%) determinaram o recorde, de acordo com o assessor. "Mas, é normal que o preço do frete para o produtor, por exemplo, não tenha caído junto com o índice. É a oferta e a procura que determinam esse movimento", pondera Reis.

E a demanda este ano por frete de soja deve ser maior que no passado, já que a safra nacional será 6% superior, segundo estimativas da consultoria Agrural. Serão 56 milhões de toneladas do grão. Somente da semana passada para esta, foi registrado pela consultoria altas do frete de até 14% em Mato Grosso. O preço saiu dos US$ 140 a tonelada para US$ 160 (do Médio Norte do estado até o porto de Paranaguá).

"A tendência é que os valores dobrem entre o início e o auge da colheita. No final de fevereiro de 2006, o preço do frete já estava em US$ 200 a tonelada, ante os US$ 100 praticados no começo de janeiro", recorda Maria Amélia Tirloni, analista da Agrural.

A oferta do grão ainda está pequena neste momento. Em alguns municípios do Médio Norte de Mato Grosso a colheita começou no início de janeiro. É em Lucas do Rio Verde onde está mais adiantada, com cerca de 8% colhidos. O diretor da Central de Comercialização (Centrogrãos), João Birkhan, afirma que até agora não conseguiu contratar frete a preços razoáveis, ou seja, pelo mesmo valor da safra anterior, pelo menos.

"Ha dois anos, pagávamos US$ 60 por tonelada para levar o produto até o porto. Em 2006, chegou a US$ 90. Agora não encontramos por menos de US$ 100", reclama Birkhan. O maior problema, segundo ele, é a falta de armazéns para estocar a soja. "Mato Grosso não tem capacidade para armazenar nem a metade do que produz. Assim, tudo que sai do campo precisa ser escoado, o que pressiona a demanda por caminhões", avalia.

O sojicultor Leandro Mussi, do Médio Norte de Mato Grosso vai colher cerca de 33 mil toneladas do grão nesta safra. Até agora tirou do campo 30% do total e já está pagando o frete 10% mais caro que no ano passado.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.