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Inovação aberta ganha força na Embrapa

A migração do modelo verticalizado de gestão de P&D para a inovação aberta tem impactado também na diversificação dos temas de pesquisa.


Enquanto na década de 1996 a 2005, 27% dos documentos de patente da Embrapa eram provenientes de parcerias e protegidos em regime de cotitularidade, a análise dos pedidos de patente dos últimos dez anos (2006-2016) aponta para 50% em cotitularidade, um indicativo do avanço da inovação aberta nas atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A migração do modelo verticalizado de gestão de P&D para a inovação aberta tem impactado também na diversificação dos temas de pesquisa.

Análises sobre as Classificações Internacionais de Patentes (CPIs), que podem ser realizadas a partir de dados dos bancos de patentes disponíveis no site da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), fornecem diagnósticos importantes sobre as áreas foco de depósito de patentes da Empresa. As classificações de patentes da área tecnológica "Processo de obtenção de plantas", por exemplo, ocupam apenas 11% do número total de documentos de patentes atual, enquanto novas áreas, como a de "Preparações para finalidades médicas, odontológicas ou higiênicas", com 7% de participação, começam também a ser inseridas no portfólio da Embrapa. "Os dados mostram que a Embrapa começa a trilhar novos caminhos. De uma empresa puramente agronômica para a atuação em novas áreas tecnológicas, por meio da inovação aberta", salienta o pesquisador Vitor Hugo de Oliveira, chefe da Secretaria de Negócios (SNE).

Realizado por meio da ferramenta Patentscope da OMPI, o levantamento é baseado na análise dos códigos de CIPs das tecnologias que são objeto de patente. A partir da análise percebe-se que engenharia genética tem sido a área de P&D com maior geração de novos pedidos de proteção. Também é possível inferir que a pesquisa está se tornando mais complexa e multidisciplinar. Essas características, aliadas à necessidade de depender menos do financiamento público, reforçam a importância da inovação aberta.

O sistema de produção Cultivance®, primeiro cultivo de soja geneticamente modificado totalmente desenvolvido no Brasil, é um exemplo de inovação aberta. Embrapa e Basf uniram ativos para gerar um novo produto que foi inserido no mercado.

Parcerias para soluções ganha-ganha

Neste modelo de inovação aberta, a Embrapa deixa de ser mera prestadora de serviço nas parcerias estabelecidas, como explica Vitor Hugo. "Há não apenas aporte financeiro por parte do parceiro, mas aporte intelectual e de infraestrutura".

Para o pesquisador, o desafio é construir cooperações ganha-ganha, nas quais a combinação dos ativos da Embrapa e dos parceiros contemple temas de interesse recíproco e entregue valor à sociedade. Para a inovação aberta ganhar força, outro desafio é dispor de mecanismos mais ágeis para inserir os ativos tecnológicos no mercado.

"No contexto atual, poucas empresas detêm todas as competências, recursos, estruturas e capacidades para desenvolverem, individualmente, inovações. Cada vez mais, empresas intensas em P&D irão precisar de parcerias para continuar inovando", comenta.

"Sementes e softwares são soluções prontas, mas microrganismos, genes e extratos, por exemplo, são ativos semiacabados. Para acrescentar valor, escalonar e disponibilizar para o mercado ativos dessa natureza, necessitamos das parcerias", explica Vitor Hugo. "As parceiras envolvem não apenas universidades, mas empresas e instituições de pesquisa do Brasil e do exterior", complementa.

Engenharia genética cresce na última década

A análise dos dados de Classificações Internacionais de Patentes usando a base Derwent Innovations Index mostra que 83,2% dos documentos de patente da área de "engenharia genética" dos últimos 20 anos estão concentrados no período de 2006 a 2016. Peptídeos, processos de obtenção de plantas e tecnologias de alimentos também são áreas com mais de 70% dos pedidos de patentes centrados nos últimos dez anos, quando analisados os dados de 1996 a 2016.
 

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