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Inovação contribui para aumentar produção

Debate sobre o agronegócio gaúcho e brasileiro



O agronegócio gaúcho e brasileiro estará em debate amanhã no Circuito de Gestão e Inovação no Agronegócio, promovido pelo Instituto de Educação no Agronegócio (I-UMA). O evento, que será realizado no município de Teutônia, no Vale do Taquari, discutirá temas como crédito agrícola, tecnologias sustentáveis e desafios de gestão. Uma das palestras mais aguardadas será a do chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clênio Pillon, que vai falar sobre Segurança alimentar e as tecnologias sustentáveis: desafios e oportunidades. A ideia é mostrar a evolução em tecnologia e sustentabilidade no setor primário nos últimos 40 anos.

Para Pillon, muitas das inovações aplicadas no campo surgem dos próprios produtores rurais que otimizam o uso dos recursos naturais e adotam boas práticas agrícolas para aumentar a produtividade. A pesquisa também teve papel fundamental nesta evolução, de acordo com o especialista, e o conhecimento pode ser o combustível para cada vez mais elevar a produção e a produtividade no campo.

Queremos mostrar com elementos e dados a evolução que houve na agricultura brasileira nos últimos 40 anos com base no que aconteceu não só na produção de alimentos, mas também na área de pesquisa e desenvolvimento, justamente neste processo de incremento não só da produção, como também mostrar esta expansão em termos de área. Se nos reportarmos à década de 1970, tínhamos o Brasil como um grande importador de alimentos e hoje, nós vemos uma realidade completamente diferente, um Brasil que aumentou em 25% sua ocupação de espaços para a produção agrícola e que elevou a produção em 151%. Este é um aumento que se deu praticamente pela adoção de tecnologias.

A ideia é abordar este contexto e tentar trabalhar quais desafios temos nesta agricultura, com o que vai acontecer em relação a soluções tecnológicas pelos agricultores e em que base isso vai se dar. Vamos reforçar alguns componentes que entendemos como inovadores neste processo de produção de alimentos. Quando falamos de essências estamos falando da essência do uso da água e dos nutrientes, o uso racional de agrotóxicos, o fortalecimento desta agenda de base ideológica no controle biológico e as demais estratégias no controle de pragas.

Esta questão da conexão de alimentação, nutrição e saúde também será abordada, cada vez mais a sociedade vai demandar soluções na expectativa de que o alimento não vai mais só cumprir aquela perspectiva de calorias para uma dieta básica, mas vai fornecer elementos nutricionais e funcionais na perspectiva de que o alimento passará a promover saúde e qualidade de vida.

Com certeza. Muitas destas ideias que se conectam com a sustentabilidade e a inovação surgem dos próprios agricultores. Cito o exemplo de que há 20 anos, para cultivarmos um hectare de arroz, que no final dos anos 1980 e no início dos anos 1990 se produzia cinco toneladas por hectare, utilizávamos de 15 mil a 17 mil metros cúbicos de água. Hoje estamos falando em uma produção gaúcha de oito toneladas por hectare utilizando sistemas de manejo que chegam de 6 mil a 10 mil metros cúbicos.

Foi um avanço muito grande que se deu no aumento de produtividade e se dá com base na evolução genética e de manejo. Por outro lado, também há um uso muito eficiente dos recursos, especialmente a água, que se teve um aumento de eficiência. Muitas destas tecnologias, com uso de uma cultivar de ciclo mais precoce, com retardamento da época da entrada com lâmina da água ou a redução de altura desta lâmina, muitas destas soluções partiram dos próprios agricultores e que foram validadas e chanceladas pelas entidades que gerem os processos de conhecimento e tecnologia como é o caso da própria Embrapa, do Irga e outras instituições.

Hoje, é uma preocupação direta. O Brasil é o líder mundial em sistemas de bases conservacionistas, com mais de 30 milhões de hectares de plantio direto e não há nenhuma outra experiência no mundo similar a esta. Neste sentido, o Brasil é uma grande referência. É preciso ver também o contexto da nossa produção de matriz energética que temos por parte da nossa agricultura com programas como o do biodiesel, a produção de álcool com a cana-de-açúcar, além de outras oportunidades que surgirão, quando poderemos transformar estas matérias-primas que estão produzindo combustíveis e que podem produzir com valor agregado.

Evidentemente que há uma contribuição muito grande de todo o sistema nacional de pesquisa agropecuária, não só a Embrapa mas também das organizações estaduais de pesquisa, como no Rio Grande do Sul a Fepagro, o Irga e as universidades públicas e privadas. Foi um esforço muito grande que se fez para  desenvolver e incorporar tecnologias que foram utilizadas em outros países e validar aqui.

Em muitas situações desenvolvemos também conhecimento próprio a partir da situação dos agricultores que incorporaram avanços para que pudéssemos, nestes últimos 40 anos, ter este salto de qualidade e de produtividade, que a agricultura brasileira teve. Isso se deu basicamente em função da criação de conhecimento e de soluções tecnológicas. Se fizermos um retrato da nossa agricultura, mais de 70% dela se dá com base em conhecimento e não só em tecnologia e insumos.

Grande parte do avanço se deu com a incorporação de novos conhecimentos. Temos inúmeros exemplos de como os programas de melhoramento genético para todos os cultivos, a fixação do nitrogênio para as leguminosas, foi um avanço no manejo da adubação. Hoje, avançamos para uma concepção de manejo não só de aplicação de doses, mas de ter uma utilidade dentro de um sistema de integração. Foram inúmeros os avanços que se deram para os sistemas de produção de grãos e frutas. Somos referência na aplicação de boas práticas agrícolas. A contribuição é fantástica, mas temos muitos desafios pela frente ainda.

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