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Instituições de Mato Grosso formatam agenda de ações para agricultura familiar

Conteúdo desta agenda foi discutido ao longo de três dias


A estruturação de uma agenda de ações integradas entre ensino, pesquisa e extensão rural focadas na agricultura familiar de Mato Grosso foi o resultado da II Oficina de Concertação, realizada de quarta a sexta-feira na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop. O documento, que ainda precisa ser ajustado por um comitê gestor, será a base para o Plano de Desenvolvimento da Agricultura Familiar em Mato Grosso.

O conteúdo desta agenda foi discutido ao longo de três dias por representantes de cerca de 20 instituições do governo federal, governo estadual, prefeituras, universidades, centros de pesquisa, empresas e cooperativas de assistência técnica e extensão rural e também organizações não governamentais. Por meio de trabalhos em grupo, foram levantadas as principais demandas da agricultura familiar no estado, bem como possíveis formas de se reduzir os problemas e dificuldades. Entre os temas destacados estão a falta de acesso à assistência técnica, difícil acesso às linhas de crédito, falta de regularização fundiária, dificuldade na comercialização, pouco acesso às tecnologias, entro outros.

Um dos destaques das ações propostas para a redução dos entraves é a maior integração entre o desenvolvimento de tecnologias para o pequeno agricultor, a assistência no campo e a formação de profissionais capacitados.

"Se você não tem assistência técnica, dificilmente você consegue potencializar a agricultura familiar. Se você não tem pesquisa voltada para o desenvolvimento deste segmento, você também tem dificuldade. Esta agenda propõe uma ação integrada tanto da ater quanto da pesquisa e o trabalho da capacitação, da formação de profissionais", explica o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Mato Grosso, Nelson Borges de Barros.

Na reunião também foi formado um Comitê Gestor, que se reunirá em novembro para finalizar a agenda. Com o documento completo, será elaborado o Plano de Desenvolvimento da Agricultura Familiar em Mato Grosso. Este plano é resultado de um convênio entre a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que já disponibilizou R$ 1 milhão em recursos para a realização das atividades. Com diretrizes para os anos de 2015 e 2016, a proposta será entregue ao novo governo mato-grossense para que possa ser colocado em prática.

Atividades já realizadas

No levantamento de demandas para a agricultura familiar também foram elencadas as atividades que já são realizadas e que devem ser continuadas e aperfeiçoadas. Um exemplo são os processos de capacitação de agentes de assistência técnica e extensão rural nas principais cadeias produtivas da agricultura familiar no estado.

"Com o técnico preparado e capacitado com certeza já é uma parte do processo. Uma coisa que ressaltamos é que estes processos que já estão andando sejam continuados e que todas estas instituições e pessoas possam ser inseridas no processo contribuindo para aprimorá-lo", afirma o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril, Lineu Domit.

Lineu ainda destaca o papel exercido por esta Oficina de Concertação no sentido de direcionar o trabalho das diferentes instituições em prol de um objetivo comum.

"O que tem acontecido é que cada instituição está defendendo sua missão, suas atividades, sem considerar o trabalho das outras. O fato de conhecer o trabalho conduzido por outro propicia a junção de esforços em um mesmo sentido", analisa.

Agricultura familiar

Agricultura familiar é aquela que em que a mão-de-obra, a administração e o controle do capital são feitos pela própria família. Em Mato Grosso são considerados agricultores familiares os produtores com áreas de até quatro módulos fiscais. O módulo no estado varia de 30 a 100 hectares, dependendo da região.

De acordo com a Empaer, dos cerca de 188 mil estabelecimentos rurais mato-grossenses, 140 mil são da agricultura familiar, sendo que apenas 50 mil são de famílias de agricultores tradicionais. O restante é composto por assentados da reforma agrária e comunidades quilombolas.

Uma das principais características da agricultura familiar é a diversificação da produção. Em Mato Grosso as principais cadeias produtivas para este grupo de produtores são a do leite, fruticultura, olericultura, piscicultura, apicultura, mandiocultura e os sistemas agroflorestais.

"Esta agricultura tem importância estratégia para Mato Grosso, porque ela é geradora de emprego e de ocupação. Enquanto na agricultura empresarial você gera são dois empregos para cada 100 hectares, na agricultura familiar são 15 empregos na mesma área", informa o diretor técnico da Empaer, Almir de Souza Ferro.

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