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Job vê disparada nas importações de etanol do centro-sul

Importações devem atingir entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de litros


As importações de etanol pelo centro-sul do Brasil devem atingir entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de litros na temporada 2013/14, contra 80 milhões de litros na temporada passada, com o produto importado complementando a oferta do país na entressafra, após fortes exportações e uma firme demanda interna.


O biocombustível importado virá dos Estados Unidos, que deverão ter ampla oferta do produto a preços competitivos por conta de uma safra recorde de milho, a matéria-prima do etanol no país, disse o sócio-diretor da Job Economia, Julio Borges, em entrevista à Reuters.

"Vamos importar etanol de milho na entressafra do centro-sul. Hoje já se justifica (pelo preço). Ele está mais barato que etanol anidro", disse Borges.

A entressafra do centro-sul, em geral, vai de dezembro até abril, mês em que a safra nova começa ser moída oficialmente. Dependendo das condições climáticas, algumas usinas começam a processar a cana em março.

As importações de etanol, segundo Borges, visam a atender a crescente demanda pelo biocombustível. As compras do exterior complementarão a oferta doméstica após o Brasil ter elevado as exportações no início deste ano.

De janeiro a agosto, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o país já exportou cerca de 2 bilhões de litros, ante 1,3 bilhão no mesmo período do ano passado.

As compras provenientes dos EUA deverão ocorrer apesar de a produção de etanol no centro-sul crescer 3,6 bilhões de litros em relação à temporada passada, para 25 bilhões de litros em 13/14, segundo Borges.

O volume do biocombustível trazido do exterior também deve colaborar para evitar aumentos expressivos dos preços na entressafra da cana, quando a oferta do etanol tradicionalmente é menor.

"O álcool importado vai inibir, arrefecer, o movimento de alta da entressafra", afirmou o consultor.

Segundo Borges, safra está mais "alcooleira", conforme o previsto, e o volume de cana moída em 2013/14 não deverá ter alterações na comparação com as previsões iniciais.

A Job estima uma moagem de cana do centro-sul em um recorde de 586 milhões de toneladas na atual temporada, estável ante início de safra, contra 533 milhões de toneladas em 12/13, com as chuvas em alguns meses da temporada compensando perdas na produtividade decorrentes de geadas em algumas áreas.


O volume previsto para 13/14 supera a melhor marca da história, de 557 milhões de toneladas, registrada na temporada 2010/11, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Em meio à grande oferta e preços pouco estimulantes tanto para o etanol quanto para o açúcar, as usinas ainda deixarão nos campos 15 milhões a 20 milhões de toneladas de cana para processamento na próxima temporada (2014/15).

O centro-sul brasileiro já moeu mais de 400 milhões de toneladas de cana na safra 13/14, até a primeira quinzena de setembro.

A consultoria estima a produção de açúcar em 35 milhões de toneladas em 13/14, ante 34,2 milhões de toneladas na safra passada.

CRESCIMENTO DA PRÓXIMA SAFRA

A Job prevê aumento de 300 mil hectares na próxima safra do centro-sul (2014/15), equivalente a uma oferta de cerca de 30 milhões de toneladas, que se somaria à cana deixada nos campos nesta temporada.

Isso aponta para uma nova moagem recorde, com uma disponibilidade de cana de até 636 milhões de toneladas.

"É possível moer, mas vai ser uma safra longa também, e safra longa tem muito risco. Se o clima é chuvoso, fica muita cana em pé", afirmou.

Segundo Borges, esse crescimento no plantio de cana para ser colhida em 2014 vai permitir que o setor opere perto de sua capacidade plena, com o objetivo de otimizar o uso do parque industrial em busca de redução de custos.

Nos últimos anos o setor realizou poucos investimentos em ampliação de capacidade de moagem em função do baixo estímulo para investimentos.

"Considerando a safra inteira, os preços estão abaixo dos custos, a safra do ponto de vista econômico é desfavorável. No caso do etanol, a safra passada estava ruim, ele não piorou nesta. Quem piorou foi o açúcar", disse ele, lembrando do excedente global do açúcar, que pressiona as cotações, além dos limites impostos pelo mercado controlado da gasolina, que impede reajuste do biocombustível no Brasil.

Segundo o consultor, as usinas do centro-sul precisarão investir em capacidade industrial se quiserem elevar mais o processamento de cana a partir de 2015.

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