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Laboratório analisa bactérias para substituir fertilizantes em plantas leguminosas

Em 1950, o professor João Rui Jardim Freire iniciou buscas por bactérias que poderiam substituir os fertilizantes nitrogenados nas lavouras.


Em 1950, o professor João Rui Jardim Freire da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e da Seção de Microbiologia Agrícola do Instituto de Pesquisas Agronômicas (Ipagro, hoje Fepagro), iniciou buscas por bactérias que poderiam substituir os fertilizantes nitrogenados nas lavouras. Através de coleta, isolamento e seleção de estirpes nativas eficientes para leguminosas de importância econômica, o professor chegou aos rizóbios - e estes trabalhos de seleção alcançaram o benefício da simbiose planta-bactéria com resultados de não recomendação do fertilizante nitrogenado para o cultivo da soja.

Freire esteve à frente do Laboratório de Fixação Biológica de Nitrogênio (LFBN) - pioneiro no Brasil. Hoje, a manutenção das estirpes e a continuidade das pesquisas está sob a responsabilidade da bióloga Anelise Beneduzi da Silveira. O laboratório presta serviços para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além da seleção de estirpes de rizóbios eficientes para fixação biológica de nitrogênio, o LFBN é responsável pelas análises de qualidade dos produtos inoculantes.

Anelise explica que o objetivo é trabalhar com a agroecologia, incentivando o produtor a utilizar as bactérias ao invés dos fertilizantes nitrogenados. O LFBN mantém uma coleção de estirpes de rizóbios (Coleção Semia), com cerca de 1.000 estirpes para 200 plantas leguminosas de importância agrícola. Estas bactérias realizam o processo de fixação biológica de nitrogênio, captando o nitrogênio atmosférico e transformando-o em amônia para então ser utilizado pelas plantas leguminosas. Os produtos fabricados com essas bactérias benéficas são denominados inoculantes. O LFBN encaminha as bactérias à indústria para gerar o produto, que então retorna ao laboratório para ser feito o controle de qualidade.

A bióloga reitera que os rizóbios realizam o mesmo trabalho dos fertilizantes e que o preço dos inoculantes é ainda mais acessível, cerca de 1/10 do valor de um fertilizante. "Também é ecologicamente mais amigável. Não tem problema de resíduos e poluição em geral", ressalta. O benefício representa atualmente uma economia de R$ 12 bilhões ao ano para o País. A utilização do produto inoculante acrescenta 4% a 15% no rendimento da soja.

Os rizóbios podem ser utilizados em diversas plantas leguminosas, como feijão, alfafa, amendoim etc. Porém, o mais indicado pelo laboratório é para ser utilizado na soja. A bactéria supre 100% a necessidade do nitrogênio na planta. Para as outras culturas ainda faltam algumas etapas. A fixação biológica de nitrogênio é um dos sete programas do plano de agricultura para a baixa emissão de carbono do Ministério da Agricultura. O objetivo é a ampliação em 5,5 milhões de hectares com aplicação da tecnologia da Fixação Biológica de Nitrogênio e a redução no uso de nitrogênio de origem fóssil.

O LFBN é o único laboratório do País credenciado pelo Mapa para encaminhar as estirpes para a indústria e faz o controle de qualidade dos produtos inoculantes nacionais e importados.

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