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Leilão confirma sucesso do avestruz na Bahia


Evento realizado na 15ª Fenagro reuniu 10 criadores e movimentou R$ 200 mil, ajudando a difundir a estrutiocultura.

Dona de mais da metade do plantel existente hoje no Nordeste, a Bahia dá novos passos rumo ao cumprimento da meta de se transformar em um dos principais pólos produtores de avestruz do Brasil. Através da parceria entre governos municipais e estadual com empresários que já atuam no setor, o Estado vem abrigando uma série de atividades de incentivo aos novos criadores.

A mais recente delas foi a realização do primeiro leilão de avestruz da Associação Baiana de Criadores de Avestruz (ABCAV), durante a 15ª edição da Festa Internacional da Agropecuária (Fenagro 2002), que será encerrada no próximo domingo, no Parque de Exposições de Salvador. Foram comercializadas 128 aves com idade a partir de cinco meses, movimentando um volume financeiro de R$ 200 mil. O leilão, realizado na noite da última quarta-feira, reuniu 10 vendedores e um público de 600 pessoas.

Segundo o coordenador do leilão, o pecuarista Manoel Gonçalves, a iniciativa faz parte da estratégia de tentar difundir a estrutiocultura entre criadores baianos interessados em passar a investir na atividade. "Por isso optamos por realizar a venda com o diferencial da oferta de lotes reduzidos a no máximo quatro animais, estimulando empreendedores a usar o leilão como forma de dar início aos seus plantéis", afirma. Até então, os leilões realizados no estado eram feitos de forma particular por cada criador.

Durante a Fenagro também foi realizado o Seminário Internacional sobre Criação de Avestruzes, reunindo cerca de 60 produtores, diretores da Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri), consultores e empresários do setor. O evento contou com uma série de palestras abordando aspectos técnicos da criação das aves, ações governamentais e temas como o abate e os derivados do animal.

O trabalho de fomento à criação de avestruzes na Bahia tem se baseado na montagem de pólos produtivos regionais capazes de viabilizar futuras instalações de indústrias de processamento de carne, beneficiamento de couro e produção de objetos de artesanato. Os pólos estão sendo instalados nas regiões do Recôncavo, Juazeiro, Irecê, Paulo Afonso e Jequié.

O último criado foi o do município de Paulo Afonso, situado na região do semi-árido baiano, considerada apropriada à criação do animal. Segundo o diretor da ABCAV, Édio Gantois, uma parceria entre a entidade, a prefeitura local, o governo do estado e o Banco do Nordeste vai viabilizar a distribuição de aproximadamente 5,5 mil casais reprodutores para 1,8 mil famílias da região, que serão orientadas e monitoradas pela ABCAV.

O projeto será possível, explica Gantois, através da formalização de um termo de parceria entre a Seagri e o Banco do Nordeste, no valor de R$ 30 milhões, para criação de linhas de financiamento com ênfase no desenvolvimento e organização da cadeia produtiva do setor. "Devido ao grande alcance social da iniciativa, serão utilizados prioritariamente recursos do Pronaf, com cada criador recebendo cerca de R$ 15 mil para adquirir e criar três casais de animais", aponta o pecuarista.

O passo seguinte será a captação de investidores privados interessados em destinar recursos à implantação de incubadoras e frigoríficos. A consolidação do programa está prevista para 2004, mas a ABCAV espera poder realizar os primeiros abates já em 2003. De acordo com Gantois, o plantel nordestino está distribuído entre os estados da Bahia, Sergipe e Alagoas, totalizando 10 mil animais, dos quais cerca de 60% estão na Bahia.

Incubadoras

O Estado reúne atualmente cerca de 60 criadores, sendo 25 deles associados à ABCAV, e dispõe de seis incubadoras, localizadas no Sul do estado, Recôncavo, região de Feira de Santana, Jequié e Barreiras. Em novembro de 2003, a Bahia sediará o Congresso Brasileiro de Estrutiocultores.

De acordo com o diretor de Desenvolvimento de Pecuária da Seagri, Luiz Rebouças, 75% do rebanho baiano de avestruzes correspondem a animais jovens, com expectativa de produção em dois anos. Ele ressalta que a ave tem grande potencial de aproveitamento comercial, que vai do couro e da pluma à casca do ovo, além de possuir um dos tipos de carne mais valorizados no mercado brasileiro, comercializados por até R$ 70 o quilo.

O presidente da ABCAV, Gildásio Rosa, informa que o período atual de postura de ovos no estado foi iniciado em agosto e tem término previsto para março de 2003, o que vai resultar em 3 mil novos filhotes para o plantel baiano. Parte deles se destinará á nova região produtora de Paulo Afonso.

Para difundir junto aos criadores baianos as técnicas utilizadas por produtores tradicionais de avestruz, a Secretaria da Agricultura apoiou, em agosto último, a organização de uma missão para a África do Sul, reunindo 20 empresários, técnicos baianos e representantes governamentais. O país é referência na criação, industrialização e comercialização da ave. Com uma média de 400 mil animais abatidos anualmente, a África do Sul investe na atividade há 150 anos e responde por mais de 70% da produção mundial.

A relação com os criadores daquele país está tendo continuidade através da Fenagro, que conta com a participação de dois representantes de uma destacada cooperativa de produtores sul-africanos. "Além da questão do know how, nossa principal preocupação é garantir melhores importações para o setor, estreitando a relação comercial com a África do Sul, que pode fornecer material genético de maior qualidade", afirma Édio Gantois. Primeiro produtor baiano a investir comercialmente na atividade, há cinco anos, ele conta hoje com um plantel de 200 animais, situado na região de Feira de Santana.

Mariana Carneiro - Salvador/BA

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