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Leilão do PEP derruba os preços internos do algodão


A previsão se confirmou. O leilão do Prêmio do Escoamento da Produção (PEP), realizado ontem (23-11) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi considerado por agentes de mercado um fracasso. Das 10 mil toneladas (t) de algodão ofertadas em todo Brasil, somente 486 t foram arrematadas, sendo 270 t em Goiás e 216 na Bahia. Nenhuma arroba foi comercializada em Mato Grosso - com oferta de 5,4 mil/t - e Mato Grosso do Sul. Com a falta de interesse por parte das indústrias, a arroba caiu de cerca de R$ 40 e R$ 41, para R$ 39, preço base em Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá).

Segundo o analista de mercado da Lucra Corretora, em Cuiabá, Daniel Melo, esta falta de êxito estava sinalizada desde a publicação do edital, na semana passada.

"O valor do prêmio, que seria pago à indústria, R$ 4,05, não foi atrativo para o mercado comprador e pelo fato das indústrias estarem cobertas de matéria-prima, o leilão ao invés de trazer as cotações para pelo menos, aos valores mínimos estipulados pelo Governo (R$ 44,60), acabou forçando ainda mais a baixa da commoditie", explica Melo.

Segundo ele, para forçar a compra neste final de ano, o PEP deveria garantir pelo menos um ganho de R$ 1 a R$ 2, por arroba, às indústrias. "Para que o prêmio fosse atrativo, seria necessário, um valor de cerca de R$ 5,50 a R$ 6. Na próxima semana deve ser realizado mais um leilão, a expectativa é de que o Governo reveja o valor do prêmio", aponta Melo.

O analista explica que o interesse pela fibra baiana e goiana se deu pela vantagem logística que as duas produções têm em relação a Mato Grosso. "Se não foi arremate de contratos já realizados, o prêmio do PEP de ontem para estas regiões ainda garantiu um certo ganho às indústrias, pois o frete nos dois estados é mais barato em relação ao Mato Grosso", aponta.

O presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), João Luiz Ribas Pessa, explica que o leilão de ontem confirmou a grande diferença que há entre os preços adotados pelo mercado (R$ 40@ em MT) e o que está estabelecido pelo Governo Federal como mínimo (R$ 44,60 @). "Outros fatores deixaram o leilão pouco atrativo e sustentam essa pressão baixista", analisa.

Pessa frisa que o PEP foi realizado sem muito alarde e muitas indústrias não tiveram tempo de atualizar os documentos exigidos para participação no leilão.

Com relação a baixa da cotação da pluma, o presidente explica que tudo é resultado do excesso de oferta.

"Somente Mato Grosso tem cerca de 160 mil/t para serem comercializadas. As indústrias que têm capital estão abastecidas e não precisam de matéria-prima. Mas o produtor, que necessita de dinheiro a curto prazo, insiste na venda, e quem compra estipula preços mais baixos e isso tem reflexo imediato de pressão negativa sobre a arroba", observa Pessa.

Melo destaca que a expectativa do mercado é com relação às toneladas que serão ofertadas para o próximo leilão, previsto, segundo o ministro de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ivan Wedekin, para o dia 30.

"Se ficar confirmado este novo PEP, a curiosidade está em saber se haverá aumento no prêmio oferecido pelo Governo e se o volume oferta também será maior", aponta o analista.

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