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Leilões de trigo beneficiam gaúchos

Paraná tem menos acesso ao principal mecanismos de venda do cereal


Mesmo com estoques superiores ao do Rio Grande do Sul, Paraná tem menos acesso ao principal mecanismos de venda do cereal

As duas primeiras rodadas de leilões de trigo deste ano lançadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revelaram que o Ministério da Agricultura vem privilegiando o Rio Grande do Sul e limitando os incentivos ao Paraná. Os leilões são realizados com recursos públicos, repassados para os intermediários que escoam a safra e pagam preço mínimo ao produtor. Em um dos editais, o ministério oferece ao estado gaúcho a chance de vender o dobro do volume previsto para a triticultura paranaense, apesar de os dois estados serem responsáveis, respectivamente, por 47% e 44% da safra nacional.


Com um estoque de aproximadamente 1,4 milhão de toneladas – superior às reservas gaúchas – o Paraná tem tido oportunidade de escoar a produção a conta gotas. Até agora, o volume de recursos ofertados pela Conab em cinco leilões incentivou a comercialização de 720 mil toneladas de trigo paranaense, contra 830 mil toneladas do Rio Grande do Sul. Nova rodada foi marcada para amanhã e, mais uma vez, produtores e cooperativas paranaenses terão menos chances de aliviar seus armazéns. O Paraná poderá escoar 135 mil toneladas e o Rio Grande do Sul, 220 mil. De acordo com a Federação da Agricultura do estado vizinho (Farsul), o estado tem pouco mais de 1 milhão de toneladas em estoque. “Também estamos com muito trigo represado. Precisamos de mais quatro ou cinco leilões de escoamento”, calcula Hamilton Jardin, presidente da comissão de Agricultura da entidade gaúcha.

“Notamos certo privilégio ao Rio Grande do Sul e levamos essa avaliação ao Ministério da Agricultura”, afirma Gilson Martins, técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). A observação também foi feita pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep). “Queremos que o tratamento seja igual para os dois estados. Em vez de vários leilões, precisamos de maiores volumes ofertados”, avalia Pedro Loyola, assessor técnico-econômico da Faep.

A limitação da quantidade subsidiada pelo governo federal ainda prejudica os valores dos prêmios pagos aos arrematantes. Quanto maior for a demanda pelo leilão, mais baixo é o prêmio pago pelo governo. Na semana passada, alguns lotes chegaram a ser fechados com deságio de 32% em relação ao valor de abertura do pregão. “É normal ter redução no valor nos primeiros leilões, mas a partir do terceiro tende a se equilibrar. Não é o que está acontecendo agora, porque a quantidade ofertada ao Paraná está muito baixa”, reclama Loyola. “Se o volume fosse maior, a disputa seria mais equilibrada e o prêmio também”, complementa Martins.


A primeira rodada de leilões de 2012 provou que existe demandabem acima da oferta. Foram negociadas 351.270 toneladas, 98% das 360 mil t colocadas à venda.

Responsável pela distribuição dos recursos, a Secretaria de Política Agrícola alega que os volumes ofertados pelo governo correspondem exatamente ao que cada estado pediu no final do ano passado, através de uma suposta consulta realizada pelo órgão. “Cumpri à risca as solicitações das federações e cooperativas de cada estado. E se precisar de mais recursos, maior quantidade, não há nenhum problema”, disse o secretário Caio Rocha, sinalizando que o número de leilões pode ser maior do que o previsto.

“O que fazemos sempre é um documento especificando o volume que precisa ser comercializado, que neste ano foi de 50% da produção paranaense, mais de 1,2 milhão de toneladas”, rebate Loyola.

O setor espera ainda que as operações de Aquisição do Governo Federal (AGF) ajudem na comercialização de trigo, mas até o momneto não houve nenhum posicionamento oficial sobre o assunto.

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