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Liberação americana da carne suína catarinense será passaporte para novos mercados

Após um ano de negociação com as autoridades americanas, o produto brasileiro ganhou a chancela indiscutível da sua qualidade


Florianópolis - Há sete meses, a Rússia embargou a exportação de carne suína brasileira, mas nesta terça-feira (10), ela ganhou autorização para ser vendida nos Estados Unidos. Após um ano de negociação com as autoridades americanas, o produto brasileiro ganhou a chancela indiscutível da sua qualidade. Como único estado autorizado a vender carne suína in natura para os EUA, Santa Catarina vai liderar a expansão do setor neste ano. “O embargo russo retirou o ímpeto de crescimento das exportações que havia no mercado, mas ele vai ser retomado agora”, avalia o secretário da Agricultura em exercício, Airton Spies. O crescimento não será puxado pelas importações americanas, e sim pela abertura de novos mercados que vão encontrar na decisão daquele país a prerrogativa necessária para comprar a carne suína catarinense.


"O grande ganho da decisão é agilizar a abertura de novos mercados, como Japão e Coreia do Sul, que são negociadas há algum tempo e agora tem perspectivas muito sólidas”, explica o diretor-executivo para mercados externos da Associação Brasileira da Indústria Produtora de Carne Suína - Abipecs, Rui Vargas. É um mercado potencial de U$ 7 bilhões. Só o Japão importa 1,1 milhão de toneladas de carne suína por ano, o que movimenta US$ 4 bilhões anualmente e o coloca como o maior comprador entre os asiáticos. Para Vargas, a decisão abre também outras possibilidades, como a entrada do produto no México, que é outro grande mercado. Além de ser o maior produtor brasileiro, Santa Catarina é o único estado livre de febre aftosa sem vacinação no Brasil, o que rende uma espécie de “selo de excelência” em sanidade animal.

"Isso [abertura do mercado norte-americano] para a economia é extraordinário. Agora vêm Japão e Coreia", disse o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, por telefone ao governador Raimundo Colombo, de Santa Catarina. O primeiro objetivo do Governo estadual para o setor é ajudar na retomada do nível de exportações de cerca de 400 mil toneladas por ano - atualmente as exportações estão em 250 mil toneladas, das 800 mil toneladas que são produzidas anualmente no Estado.

A expectativa catarinense é exportar cerca de 40 mil toneladas para o mercado americano. A avaliação é de que não será um volume muito grande em termos de exportação direta porque os EUA são um dos maiores produtores mundiais de carne suína. “A boa expectativa de aumento de vendas está vinculada a esses novos mercados que podem se abrir”, diz o diretor-executivo para mercados externos da Abipecs. Na próxima semana, deve sair uma lista oficial com seis plantas, de três empresas, localizadas em Santa Catarina, que estarão habilitadas a começar a vender para os Estados Unidos. Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso também devem ser habilitados, mas para a venda da carne processada.


Os produtores de suínos em Santa Catarina prevêem um crescimento gradual da produção de animais que deve atingir 10% nesse ano. “Um aumento já era esperado por causa da abertura do mercado da China, no ano passado, e ele será realizado com planejamento para evitarmos um aumento descontrolado, como ocorreu em 2004 e 2005, gerando problemas para os produtores”, disse o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, Lozivanio Lorenzi.

Embargo russo

Na próxima segunda-feira (16), o secretário de Estado da Agricultura, João Rodrigues, irá a Brasília se encontrar com o ministro da Agricultura para, entre outros assuntos, discutir a negociação para encerrar o embargo russo. Mendes Ribeiro vai à Alemanha na semana que vem para tentar encerrar o bloqueio às importações de carne suína brasileira. Para Airton Spies, atualmente secretário em exercício da Agricultura, a liberação americana é um passaporte importante que dá mais credibilidade ainda ao produto catarinense nas negociações para encerrar o embargo.

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