Nas planícies da sinuosa Mata Atlântica, produtores do Litoral Norte já estão colhendo arroz no Rio Grande do Sul. A safra do sistema pré-germinado, cultivado em solo alagado, foi aberta no último sábado, em Morrinhos do Sul - mais de 15 dias antes da abertura oficial da colheita do arroz no Estado, que será realizada de 6 a 9 de março, em São Lourenço do Sul. Grão precoce e de alta produtividade, o pré-germinado conquista mais adeptos e tem sua área ampliada a cada ano. Atualmente, esse sistema ocupa 10% das lavouras do Estado (a área total de arroz nesta safra é de 951 mil hectares).
Na região pioneira no cultivo, o Litoral Norte, já não há mais terras disponíveis para plantio. Nos municípios de Morrinhos do Sul, Mampituba, Três Cachoeiras e Dom Pedro de Alcântara, 230 produtores cultivam 6,5 mil hectares. Segundo Carlos Henrique Lange, da Consultoria Empagro, de Torres, os minifúndios da região (com média de 30 hectares) têm visto crescer a produtividade por meio de cooperativas. Em alguns casos, o rendimento chega a 9 mil quilos por hectare. A dificuldade maior é a armazenagem. Na Associação de Prestação de Serviços e Assistência Técnica, na localidade de Rio Verde, os 43 associados precisam levar 90% do arroz colhido para silos de Santa Catarina. Com apenas uma unidade, a associação armazena 45 mil quilos, menos de 10% dos 480 mil quilos produzidos.
”Estamos tentando um financiamento para construir dois silos”, diz o presidente, Isauro da Silva.
Em uma década, a área plantada pelo sistema pré-germinado deu um salto de 10,2 mil hectares para mais de 100 mil hectares. O sul do Estado e a Depressão Central foram os locais com a maior expansão. Uma das vantagens do pré-germinado é a facilidade de controle do arroz vermelho e o fato de o sistema se adequar facilmente às mudanças climáticas - uma das vilãs do sistema convencional.