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Logística comprime lucro em Mato Grosso

Região mais afetada é a de Sorriso, com a pior rentabilidade do País


Região mais afetada é a de Sorriso, com a pior rentabilidade do País: duas vezes menor que a do PR. A rentabilidade do produtor de soja de Sorriso, no Médio Norte de Mato Grosso, é a mais baixa do País. Nesta safra, o sojicultor matogrossense vai ganhar duas vezes menos que o do Paraná, devido aos problemas de logística da região, tanto para o escoamento da safra quanto para a compra de insumos. Levantamento da AgraFNP mostra que os paranaenses, beneficiados pelo porto e pelas estradas, têm os melhores preços para o grão.

Sorriso e Lucas do Rio Verde, ambas em Mato Grosso, têm as piores cotações da saca de soja do Brasil: R$ 23,40 e R$ 23,60, respectivamente, segundo a AgraFNP - referentes a 5 de março. Em seguida, o pior preço vem de outra região produtora do estado, Rondonópolis, onde a saca custa R$ 25,50. Ainda assim, o produtor de Rondonópolis, que está 600 quilômetros ao Sul de Sorriso e é servido com estradas melhores, consegue lucro líquido bem maior, de R$ 350 por hectare - ante os R$ 200 em Sorriso. Na outra ponta está o produtor do Paraná, onde o lucro é de R$ 500.

A conseqüência de ter acesso por estradas ruins é maior preço do frete. O gerente-executivo da Associação dos Transportadores de Cargas (ATC), Miguel Mendes, afirma que o custo para um caminhão bitrem (40 toneladas) transportar cargas em Mato Grosso é 13,3% maior que fora do estado. "Em Mato Grosso, o óleo diesel é mais caro, resultado, em parte, da carga tributária estadual, que é de 17%, diferente de Goiás, por exemplo, que é 12%", explica Mendes. Segundo informações do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), o preço médio do litro do óleo diesel em Mato Grosso é de R$ 2,04, enquanto que em Santa Catarina - único estado do Sul contemplado no levantamento - , é 7,3% menor (R$ 1,89). Em Goiás, o preço é de R$ 1,96 o litro.

"Por mais contraditório que pareça, é esta rentabilidade menor que estimula o produtor de Mato Grosso a expandir área e ganhar na escala o que ele perde em infra-estrutura de escoamento", diz Fábio Turquino Barros, analista da AgraFNP.

Para o especialista em logística, Luiz Antônio Fayet, essa região de Mato Grosso - que encontra-se no que ele chama de "apagão logístico" - se mantém viável em época de preços baixos da soja, pelos mecanismos de subsídios de frete, concedidos pelo governo. "Nas últimas duas safras, estimamos que R$ 1 bilhão tenham sido gastos pelo governo somente para compensar a dificuldade logística", diz Fayet, que é consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para Logística e Infra-estrutura de Transporte.

Segundo Barros, sanadas essas dificuldades, é Mato Grosso que tem melhores condições de clima, topografia e potencial de expansão de área para agricultura. "Supera Maranhão, Tocantins e Piauí", diz o analista.

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