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Logística é o maior entrave ao crescimento do agronegócio

O caos na cadeia logística é a principal ameaça ao bom desempenho do setor


Responsável por fornecer ao mercado internacional as principais commodities, o Brasil é destaque quando o assunto é o setor primário. Maior produtor e exportador de diversas culturas como o café, açúcar, soja e laranja; em 2007, a balança comercial do agronegócio nacional fechou em US$ 49,6 bilhões. Os números são bons, mas, de acordo com o consultor de logística e infra-estrutura de transportes da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Luiz Antonio Fayet, poderiam ser melhores, se não fosse o colapso logístico que o país enfrenta.

Apesar do agronegócio no Brasil responder hoje por um terço do PIB nacional e representar 40% dos postos de trabalho, o setor passa por um momento de crise. Há deficiências em toda cadeia logística. Problemas na infra-estrutura portuária, rodoviária e hidroviária, são alguns dos obstáculos que prejudicam o escoamento da produção brasileira.

A falta de terminais portuários encarece a cadeia logística. Fatores como as altas multas de navios em espera nos portos, o aumento do tempo nas estradas em função das más condições de conservação das rodovias, os fretes inflacionados, pesam na balança comercial brasileira e no bolso do produtor rural.

Logística

Para Fayet, o Brasil possui tecnologia e produtividade de primeiro mundo, mas sua infra-estrutura logística deixa a desejar. “A maioria dos portos brasileiros não possui nem metade da capacidade de suas demandas. Por isso, toneladas de produtos têm que encontrar pontos de saída em outras regiões, encarecendo a logística e deprimindo os preços pagos ao produtor em todo o país”.

Dados da CNA mostram que o custo para se transportar uma saca de soja, por exemplo, até os portos, chega a representar mais de 50% do faturamento do produtor.
Os problemas afetam principalmente os produtos de menor valor agregado, como grãos. O canal rodoviário, por exemplo, é o menos indicado para estes tipos de produtos, pelo impacto do preço do frete na rentabilidade do produtor.

Potencial

O Brasil tem capacidade para crescer, pois além do clima favorável e diversidade de solos, que faz com que o país produza uma imensa variedade de produtos agrícolas e seja auto-suficiente em alimentos, o Brasil também tem equilíbrio energético e é exportador de minerais estratégicos.

Outra vantagem é a imensa variedade de áreas agricultáveis que o país possui. Segundo dados da CNA, o Brasil possui quase um quarto das áreas agricultáveis do mundo. Estas áreas vão sofrer um grande impacto nos próximos anos, principalmente com o “Efeito Bush’, criado pelos Estados Unidos.

O programa americano prevê a substituição dos derivados de petróleo por combustíveis menos poluentes. O objetivo é substituir 20% do volume de gasolina consumida pelos veículos norte-americanos por etanol produzido a partir do milho. Isso representa 100 bilhões de litros de etanol ao ano.

De acordo com CNA, a baixa disponibilidade de áreas para produção no mundo, vai fazer com que o Brasil dentro de 10 anos seja detentor de 60% do mercado internacional de alimentos. Mas isto, se o Brasil tiver infra-estrutura suficiente para escoar a produção. A expectativa da Confederação é que em 2017, o país quase dobre as exportações do agronegócio, ou seja, mais 70 milhões de toneladas de alimentos sejam produzidos.

Desafios

O Brasil enfrenta vários desafios para poder seguir em frente com suas atividades. Além da falta de corredores para o escoamento da produção por causa das péssimas condições de infra-estrutura, outros problemas também comprometem a competitividade do setor. A política tributária e a cambial são outros desafios internos que dificultam e esmagam a produção brasileira.

Luiz Antonio Fayet explica que o Brasil precisa de novos tipos de investimentos, pois os sistemas rodoviários não suportarão tantas demandas.

“A implantação de hidrovias é uma questão lógica de economia e sobrevivência. Quanto ao sistema portuário, é fundamental liberar totalmente o setor privado para construir e operar terminais para uso público, tanto nos rios como na costa marítima”, afirma.

Fayet ainda diz que o setor privado está ávido para fazer investimentos em infra-estrutura e, em especial nos portos. O problema é que falta liberação para a iniciativa privada investir e quebra das restrições à livre concorrência.

A concessão de rodovias importantes para o escoamento da produção pode ser uma das formas possíveis de estancar a grande perda de renda que assola o agronegócio brasileiro. Segundo Fayet, as parcerias Público-Privadas federais também são essenciais na área de transportes para poder alavancar o setor. As informações são da assessoria de imprensa do Senar/ES.

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