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Lucro com soja em Mato Grosso será o menor em 5 safras

Queda pode se acentuar e corroer a renda em MT


FCStone mostra que na nova safra mato-grossense a rentabilidade por tonelada colhida representará apenas 23% do preço médio atual do grão

A rentabilidade com a soja na safra 2014/15, em Mato Grosso, será a menor das últimas cinco safras. Se em 2010/11 o lucro direto correspondeu por 36% do valor de mercado de cada tonelada comercializada, no novo ciclo a relação deve cair para 23% num cenário que reflete bem a relação cotação e custo de produção até os primeiros dias de julho. Considerando o preço médio, é como se de R$ 100 negociados pelo sojicultor estadual, apenas R$ 23 ficassem de lucro contra 31,5% dos últimos cinco anos.


Os dados fazem parte do estudo “A rentabilidade da soja em Mato Grosso e as perspectivas para a safra 2014/15” feito pela consultoria INTL FCStone e apresentado com exclusividade pelo Diário. Para avaliar a evolução da rentabilidade média do sojicultor a analista Natália Orlovicin ponderou a evolução dos custos de produção e dos preços negociados no Estado. Foram utilizados os dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) para custos de produção nos últimos cinco anos-safras e a média dos preços futuros da soja pela comercialização do período e que incluiu as cotações dos primeiros dias de julho, ou seja, engloba as travas do mercado futuro da nova safra.

Como explica Natália, da safra 2010/11 a 2014/15, a rentabilidade média por tonelada passa de R$ 229,70 para R$ 195,56, queda de quase 15% no período. Se for considerada a margem da safra 2013/14, em R$ 214,87, a diferença a cada mil quilos chega a R$ 19,31. Como chama à atenção, existem dois cenários para o saldo da rentabilidade nessa safra. No primeiro que considera o preço médio da tonelada neste primeiro semestre em R$ 931,24 – cerca de R$ 55,87 por saca – o lucro seria de R$ 265,14 t, ou seja, 28% do valor comercializado. No entanto, de uma estimativa de safra de 27 milhões t no novo ciclo, conforme estimativa do Imea, menos de 2% estava comercializado de maneira antecipada (no mercado futuro, quando se vende antes de plantar e colher) até o final de junho. Considerando essa realidade, que releva que há atraso no ritmo de negociações no Estado em relação ao que se viu em igual momento de 2013, certamente esse cenário não deve se confirmar.

O segundo panorama, já mais pessimista, é o que aponta para uma margem de 23%, ou seja, de uma cotação média de R$ 861,66 t – valor cai em relação ao cenário 1 porque a média da saca recua para R$ 51,7 – R$ 195,56 seria o lucro desse volume vendido. Entre a saca vendida no primeiro semestre o valor médio de julho, há queda de 7,46%. Natália destaca que enquanto o preço médio da saca cresceu cerca de 7,74% ao ano até a safra 2013/14, a rentabilidade avançou 2,91% anualmente no mesmo período.

O pico dos últimos anos foi registrado em 2012/13 quando o lucro por tonelada foi de R$ 324,43. A analista optou pela análise por tonelada porque essa unidade de grandeza já considera a produtividade, ou seja, o que de fato o produtor terá para negociar.


CUSTOS - Nos últimos cinco anos-safra os custos de produção cresceram a uma taxa média anual de 5%, saindo de R$ 1.847 por hectare em 20010/11 para R$ 2.359 em 2014/15. “Os principais componentes responsáveis por este aumento foram os preços das sementes, dos defensivos e dos fertilizantes. Apesar de os outros custos também terem sofrido reajustes ao longo destes anos, eles dependem mais da particularidade de cada produtor, como os custos com financiamento do capital empregado na lavoura (se houver), assistência técnica e despesas administrativas”.

Nesse período também se observou a desvalorização cambial que encareceu os preços dos insumos diretos referenciados em dólar. “Outros fatores também foram determinantes. No caso das sementes, a forte expansão da área plantada tem provocado um aumento na demanda, levando a um crescimento médio anual de quase 8% nos preços. Além disso, o aumento da participação da soja transgênica também causa a elevação nos preços, uma vez que a sua semente é mais cara do que a da soja convencional”, destaca o estudo. No que diz respeito aos fertilizantes, a variação nos preços depende totalmente do contexto internacional de oferta e demanda, uma vez que a maior parte do produto que o Brasil consome é importada. Neste caso, o fator cambial é importante e a desvalorização recente tem sido desfavorável. Já os defensivos se destacam por apresentar uma taxa média anual de crescimento de 17,9% em cinco anos, o que fez com que os gastos com estes insumos mais do que dobrassem. “Enquanto as sementes reduziram sua participação nos custos, apesar do aumento absoluto, os fertilizantes e defensivos elevaram o share. O destaque novamente fica com os defensivos, que passaram de 18% em 2010/11 para 26% em 2014/15, praticamente se igualando aos fertilizantes, que sempre constituíram a maior parcela dos custos dos produtores”.

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