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Lucro médio de R$ 100/ha para a soja em Mato Grosso

Apesar das imposições do clima à sojicultura mato-grossense, há projeções de que a margem será positiva nesta temporada


Apesar das imposições do clima à sojicultura mato-grossense, há projeções de que a margem será positiva nesta temporada

O cenário da nova safra de soja, em Mato Grosso, ainda é feito de mais perguntas do que de respostas. Muitas indefinições ainda pairam no ar, principalmente sobre os efeitos da longa estiagem sobre a nova lavoura e a repercussão disso na safrinha de milho. Depois de percorrer mais de 18 mil quilômetros entre os principais municípios produtores do Estado, a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), pôde avaliar in loco como a nova temporada está sendo implantada. Entre as principais observações está a expectativa por um ciclo que feche no “azul”, ou seja, que garanta margem de lucro ao sojicultor. As projeções indicam uma receita de cerca de R$ 100 por hectare plantado, embaladas pelo bom momento do mercado.

O presidente da entidade, Glauber Silveira, explica que apesar de picos de mercado que elevaram as cotações do grão para mais de US$ 22 a saca no Estado, muitas toneladas já haviam sido comercializadas – de forma futura – com preços travados antes dos picos atuais. “Por isso, considerando uma média de venda de US$ 17 para um custo de produção médio de US$ 14 por saca, é possível sair da margem de US$ 50, registrada na safra 09/10, para atingir o dobro neste ciclo”. Ele aponta que os valores são projeções que levam em conta uma produtividade média no Estado de 50 sacas/ha e que há casos em que alguns produtores com melhor estrutura financeira poderão aproveitar ao máximo os picos do mercado e contabilizar lucro de mais de US$ 300/ha, como também outros que obterão desempenho negativo. “Para esta margem, a manutenção da média de produtividade é imprescindível. Mesmo considerando um ano positivo, temos de ponderar possíveis problemas durante a colheita, como também o surgimento de pragas e doenças, como a ferrugem e a broca”.

Está prevista para esta temporada a produção de 18,44 milhões de toneladas – volume 2% abaixo do contabilizado em 09/10 -. Dentro desta estimativa, Glauber acredita que cerca de 5 milhões, ou cerca de 30% do total, não tenham sido comercializados de maneira antecipada, podendo garantir ao sojicultor melhor preço.

Os dados fazem parte do balanço que a entidade divulgou ontem da segunda edição do “Circuito Tecnológico”. Durante dez dias (de 18 a 29 de outubro, menos aos fins de semana), 23 participantes selecionados pela Associação percorrem os mais importantes polos de produção de grãos do Estado, somando 18,76 mil quilômetros, 661,47 mil hectares, em 342 propriedades.

MAIS - A expedição da Aprosoja/MT trouxe um dado que traz muita preocupação sobre o rendimento das lavouras, a constatação de que praticamente 100% das áreas visitadas apresentaram alguma raça de nematóide, uma praga de difícil controle e que impacta na produtividade. Atualmente, os nematóides são o maior problema apontado pelos sojicultores norte-americanos.

Sobre variedades geneticamente modificadas, cerca de 54% das propriedades visitadas confirmaram a utilização, sendo que 80% do sul de Mato Grosso está cultivando essas cultivares no atual ciclo.

“E justamente pelas inúmeras adversidades registradas neste ciclo que fomos ao campo com o objetivo de traçar o raio x da safra, desde a forma de adubação até os meios utilizados para aquisição de insumos”, aponta o gerente técnico da Aprosoja/MT, Neri Ribas.

SAFRINHA – Questionado sobre as consequências do plantio tardio - para os padrões de Mato Grosso - sobre a segunda safra, o presidente da Aprosoja/MT não descarta redução de área ao milho, cultura mais utilizada para a formação da safrinha, porém não acredita que o recuo ficará tão acima de números divulgados recentemente. “Apesar de não haver janela de plantio ao milho após meados de fevereiro, o produtor, como sempre, vai arriscar, afinal todo o insumo foi comprado, restando apenas, plantar”. No início do mês, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou a primeira estimativa de área ao milho e reforçou os números para soja e algodão. A área destinada ao milho deverá ter quebra de 9,3%, passando de 1,94 milhão/ha do ciclo 09/10 para 1,76 milhão/ha em 10/11. A soja deverá perder cerca de 1% a 2% de sua área para o cultivo de algodão, o que passaria de 6,24 milhões para 6,14 milhões/ha.

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