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Lugar do milho não é no tanque de gasolina, diz jornal americano

A produção de álcool a partir do milho, como ocorre em larga escala nos Estados Unidos, não é uma solução para o aquecimento global


A produção de álcool a partir do milho, como ocorre em larga escala nos Estados Unidos, não é uma solução para o aquecimento global nem uma maneira de reduzir a dependência do petróleo, afirma editorial publicado nesta terça-feira (23-10) pelo diário americano "The Christian Science Monitor". "Hoje, metade da gasolina vendida nos Estados Unidos contém um pouco de álcool. Mas os problemas da produção em massa desse tipo de álcool estão começando a pipocar", diz o jornal.

O editorial cita um estudo publicado neste mês que avalia que o aumento projetado no uso do milho para produzir álcool pode provocar danos consideráveis ao suprimento e à qualidade da água. "O avanço das plantações de milho para regiões mais secas pode secar os reservatórios e competir com outras necessidades de água como a para geração de energia hidroelétrica e para o habitat dos peixes", diz o texto.

"O uso pesado de nitrogênio necessário para fertilizar as plantações de milho podem prejudicar a qualidade da água subterrânea, dos rios e das águas costeiras, gerando "zonas mortas", afirma o jornal. Segundo o editorial, o estudo, do Conselho Nacional de Pesquisas, concluiu que uma única refinaria de álcool de milho que produz 100 milhões de galões do combustível por ano, usa uma quantidade de água suficiente para suprir uma cidade de 5 mil habitantes.

Outro problema apontado pelo jornal é o impacto da produção do álcool de milho sobre os preços dos alimentos. "Os preços já estão subindo, e os fazendeiros americanos estão plantando a maior safra de milho desde 1944", diz o editorial. "Isso pode ser suficiente agora para suprir tanto as necessidades de alimentos quanto de combustível, mas o que acontecerá conforme mais terras sejam destinadas à produção de álcool? Quais outros cultivos não deixarão de ser plantados para dar lugar ao milho, colocando também pressão sobre os preços?", questiona o diário.

Apesar disso, o jornal afirma que isso não significa deixar de lado o uso do álcool e defende pesquisas sobre o uso de celulose para produzir álcool ou sobre uma variedade de milho tropical que reduz a necessidade do uso de fertilizantes.

O editorial defende ainda o fim das tarifas de importação do álcool brasileiro, produzido a partir da cana-de-açúcar. "Os estudos mostram que tanto o álcool de cana-de-açúcar quanto o de celulose têm um retorno de várias unidades de energia para cada unidade empregada em sua produção. O milho gera apenas 1,5 unidade", argumenta o jornal.

"O álcool ainda pode se provar uma maneira importante de diversificar as fontes de energia. Mas tirar o milho das cumbucas de cereal para colocá-los nos tanques de gasolina não é a resposta", conclui o editorial.

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