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Maggi quer atrair indústria de tratores ao Mato Grosso


Governador do Mato Grosso e um dos maiores produtores de grãos do País, Blairo Maggi lançou em Rondonópolis (MT), durante a abertura da Agrishow Cerrado, um plano de desenvolvimento para o estado. "Vamos aumentar a produção de grãos de 17 milhões para 45 milhões de toneladas em dez anos", disse o governador, diante de uma platéia de centenas de produtores rurais e fabricantes de máquinas e implementos agrícolas. "Temos capacidade, área, pesquisa e um clima maravilhoso para atingir esta meta", afirmou.

O aumento da produção, de 164,7% em dez anos, é apenas parte do plano de Maggi para o estado. O governador, que cultiva quase 150 mil hectares de terras, quer trazer para o Mato Grosso fabricantes de máquinas e implementos agrícolas. "Somos eficientes da porteira para dentro. Mas, antes da porteira, este estado tem quase nada. Não produzimos sequer uma carroceria de caminhão e quero mudar esta situação", afirmou.

Isenção de impostos

Para tanto, além de doação de terras e isenção de impostos "por pelo menos dez anos" para os eventuais investidores no estado, Maggi está disposto até mesmo a "criar dificuldades para quem não vier para cá". Segundo ele, o estado vai oferecer condições para que as empresas que se instalarem no Mato Grosso tenham reserva de mercado. "O Rio Grande do Sul e o Paraná têm grandes fábricas de tratores e colheitadeiras porque eram grandes produtores agrícolas. Agora, chegou a nossa vez", disse Maggi, convidando diretamente executivos e donos de fábricas de máquinas e implementos agrícolas presentes na Agrishow Cerrado a se instalarem no estado. Segundo Maggi, o estado já negocia com 17 empresas a instalação de fábricas no Mato Grosso.

"O discurso do governador foi interessante. Não temos planos imediatos para produzir no Mato Grosso, mas as palavras de Maggi serão consideradas no nosso plano estratégico", disse Werner Santos, diretor de marketing da Agco para a América Latina. "Vamos levar em consideração o discurso do governador nos nossos planos no futuro", acrescentou Jim Martinez, presidente da John Deere para a América do Sul.

A produção de soja no Mato Grosso quase triplicou nos últimos dez anos, para algo em torno 13,2 milhões de toneladas nesta safra, e incrementou a economia do estado. Segundo o secretário estadual de Agricultura e Assuntos Fundiários, Homero Alves Pereira, as projeções de crescimento na produção de grãos são baseadas no crescimento passado e no potencial de crescimento futuro. "São projeções arrojadas porque os produtores rurais estão otimistas com o Maggi, que, por ser também produtor, inspira confiança", disse.

Com orçamento de R$ 4 bilhões e área total de 90,7 milhões de hectares, Mato Grosso usa apenas 20% de sua área para atividades agropecuárias. Em disponibilidade para o agronegócio há 28,4 milhões de hectares, ou 31,3% da área total. As áreas indígenas representam 17,3% do território; as reservas ecológicas, 6%; áreas devolutas, 10%; Pantanal, 6%; e outras ocupações, 9,4%. O Mato Grosso é o maior produtor de soja e algodão do País e o segundo maior produtor de arroz e de bovinos, com plantel de 21 milhões de cabeças.

Problemas logísticos

Alexandre Furlan, secretário estadual de Indústria, Comércio e Mineração, disse que o estado precisa atrair indústrias para agregar valor à cadeia do agronegócio, "mas também temos que resolver os problemas logísticos e de infra-estrutura do Mato Grosso".

Para produzir e escoar 45 milhões de toneladas, o estado precisará de investimentos em máquinas agrícolas, logística e estocagem de grãos. Mesmo hoje, as estradas da região são um grande entrave para o escoamento da safra.

O caminhoneiro Jerônimo Silva, por exemplo, levou seis dias para percorrer mil quilômetros entre o município de Castelo do Sonho (PA) e Jaciara (MT). "Estou onze dias fora de casa", disse o paranaense de Cascavel, que levava num bi-trem madeira de exportação para o porto de Paranaguá (PR). E o motorista ainda teria de percorrer mais 1,7 mil quilômetros até o seu destino final.

Mas Maggi acha que encontrou a solução também para este problema. "Estamos fazendo consórcios com os produtores rurais para construir e melhorar as estradas. Eles (os produtores rurais) fazem a base e a sub-base das rodovias e o governo faz a capa asfáltica", informou. Segundo ele, o primeiro consórcio, com obras em andamento, vai asfaltar 94 quilômetros de estrada entre Lucas do Rio Verde e Tapurá. "Mas já fechamos outros 22 consórcios para construir 2.450 quilômetros de estradas nos próximos quatro anos", disse. "Isto prova que os produtores rurais estão capitalizados. Quem não contribuir, terá de pagar pedágio." O estado construirá sozinho outros 2 mil quilômetros e rodovias.

Depois de 100 dias de governo, Maggi diz que já se sente "com o estados nas mãos". Segundo o governador, neste início de governo reduziu os custos em 45%. A produção de grãos neste ano crescerá 15%, com o acréscimo de 750 mil hectares de novas áreas cultivadas.

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