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Mandelson pede que UE enxergue além da questão agrícola

Segundo ele, os europeus deveriam se concentrar nos maiores ganhos para outras áreas da economia


O comissário de Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson, quer que os países do bloco enxerguem além dos sacrifícios necessários no setor agrícola, para que se obtenha um acordo comercial mundial. Segundo ele, os europeus deveriam se concentrar nos maiores ganhos para outras áreas da economia, no caso de a Rodada de Doha do comércio ser concluída com sucesso.

O comissário da UE, sob constante pressão da França para não oferecer nenhuma outra concessão agrícola, disse que todos os países do bloco possuem um "balanço de perdas e ganhos" com a retomada das negociações sobre o comércio global.

Seria importante que "países-membros estivessem preparados para avaliar o balanço no fim do processo, e não prematuramente", disse ele à Reuters, após informar aos ministros da UE sobre a situação das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Nós ainda temos que entrar nas negociações de verdade, na parte em que os ganhos da rodada existem, e eles estão nos bens e serviços", disse ele. A OMC lançou a rodada de negociações em Doha para impulsionar o comércio em 2001, após os ataques de 11 de setembro chocarem o mundo.

As negociações foram suspensas no ano passado devido à discordâncias, principalmente sobre agricultura, e só foram revividas novamente há duas semanas, após sinais de novas flexibilizações. Questionado sobre conversas entre a UE e os Estados Unidos na área agrícola da rodada, Mandelson disse: "As negociações continuam, e certamente não estamos retrocedendo."

As negociações envolvem Bruxelas possivelmente cortando algumas tarifas que protegem seus produtores, e Washington sendo mais ambiciosa na redução dos subsídios agrícolas. Isto poderia pavimentar o caminho para um acordo maior na OMC, que faria as grandes nações em desenvolvimento, como Brasil e Índia, diminuírem as barreiras de importação para produtos industrializados e provedores de serviços, como telecomunicações ou bancos.

Grupos empresariais europeus e norte-americanos estão frustrados com o freio que a agricultura, responsável por apenas 2% da economia da UE, por exemplo, impõe às negociações.

Construtivo

Mandelson disse que os governos da UE concordaram sobre a Europa ter de ser construtiva nas negociações da OMC, mas a França novamente requisitou a Mandelson que não fizesse mais concessões agrícolas. "Há um certo desespero para poupar os Estados Unidos", disse a ministra do comércio francês, Christine Lagarde, nesta segunda-feira (12-02). "Uma vez que nossas cartas estão na mesa, é impossível retirá-las."

Ela disse que um acordo na OMC parecia improvável neste ano. A França afirma ter o apoio de mais da metade dos países-membros da UE, e o presidente francês, Jacques Chirac, disse que Paris poderia vetar qualquer acordo da OMC que implique em muitas concessões agrícolas por parte do bloco europeu.

Porém, diplomatas da UE dizem que alguns governos que apoiaram a França no passado estão provavelmente muito interessados em outras áreas da negociação. A Alemanha, que concentra a presidência da UE, reiterou suas esperanças para um acordo que beneficiaria os negócios na Europa.

"Pela perspectiva alemã e européia, movimentos substanciais para que produtos industriais e serviços tenham acesso aos mercados são essenciais", disse o ministro da Economia, Michael Glos, num comunicado, solicitando ambição em todos os setores da negociação.

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