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Mandioca é alternativa para combustíveis

Um dos principais focos é a utilização do álcool de mandioca como combustível veicular


Na onda de alternativas para a produção de combustíveis, um velho projeto começa a sair da gaveta. É a produção de álcool a partir da mandioca. A mesma iniciativa foi difundida na década de 70 através do programa federal Proálcool, que tentava encontrar novas fontes de combustíveis para substituir o petróleo. Por estratégias erradas, como a instalação de indústrias fora do polo mandioqueiro, o projeto fracassou. Porém, um grupo de produtores está retomando o assunto e garante que, agora, dará certo.

Um dos principais focos é a utilização do álcool de mandioca como combustível veicular. O principal argumento é que o custo da produção é competitivo com a cana-de-açúcar. Além disso, se consegue a otimização das usinas que ficam ociosas no período da entressafra da cana. Grandes investidores de países como Tailândia e Austrália já estariam de olho nessa tecnologia. É o que garante o vice-presidente da Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca (ABAM) e presidente do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Estado de São Paulo, Antonio Donizetti Fadel.

“A mandioca é competitiva, sendo uma boa opção para a monocultura. O que está faltando é mais atenção para o produto. Se o governo desse 30% da atenção que dá ao biodiesel para a mandioca, teríamos mais alternativas energéticas no País”, disparou. Segundo ele, outra grande vantagem do álcool de mandioca é o custo do investimento. Enquanto para se montar uma usina de cana, que produz 80 milhões de litros/ ano, são necessários recursos na ordem de US$ 70 milhões; o custo para uma usina de mandioca, com produção de 50 milhões de litros, cairia para US$ 15 milhões. “Mas o intuito não é montar mais usinas, mas adaptar as que já trabalham com a cana”, disse.

Quem também está apostando na retomada desse projeto é o sócio diretor da Cereálcool - usina que fica em São Pedro do Turvo, interior de São Paulo, que produz, desde a década de 70, álcool de amiláceos, incluindo a mandioca - Jonas Arantes Vieira. Na época do Proálcool ele teve aprovados programas com a cana e a mandioca, mas com a oscilação dos preços, acabou fechando algumas usinas, porém, garante que já está retomando. Além de produzir álcool combustível para os veículos da empresa, também tem apostado no álcool, mais puro, para o emprego em áreas como cosméticos e perfumaria. Ele garante que consegue o mesmo preço com o produto de mandioca que o equivalente ao álcool neutro de cana - cerca de R$ 1,30 o litro.

Quanto ao álcool carburante de mandioca, Vieira acredita que sua aplicação é perfeitamente viável, desde que se aumente a produção do produto. Ele confirmou que vem mantendo contatos com um grupo francês, que responde por 22% do mercado de açúcar na Europa, que está interessado em investir em usinas no centro-oeste brasileiro. Isso se dá pelo fato de a Europa reduzir os subsídios da beterraba, principal fonte de açúcar do daquele país. “A idéia é nós produzirmos aqui para exportação”, disse.

Inviável por enquanto

A produção brasileira de mandioca é estimada em 27,5 milhões de toneladas. O Paraná está entre os três maiores produtores - com 4,1 milhões de tonelada na safra 05/06 em uma área de 189 mil hectares - perdendo apenas para o Pará e Bahia. Porém, o Estado é o primeiro produtor de fécula, respondendo por cerca de 65% do mercado nacional. De acordo com técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual de Agricultura, Methódio Groxko a maior produção está concentrada em municípios das regiões de Paranavaí, Campo Mourão, Umuarama e Toledo. A oscilação de preços e condições climáticas, diz o técnico, sempre foram os entraves da cultura. Ele garantiu que a secretaria não vem acompanhando nenhum projeto de produção de álcool da mandioca.

Para o técnico em alimentos, que concluiu neste ano um projeto na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), de Campo Mourão, sobre a produção de álcool a partir do resíduo da fécula da mandioca, João Darques de Andrade, o projeto de álcool carburante é inviável, devido à grande produção de cana no País e o grande volume de resíduos gerados pela mandioca. Ele se torna viável para fins industriais e cosméticos, já que a escala é menor. Segundo ele, de mil quilos de mandioca processada para a indústria de amido, são gerados 750 quilos de resíduos, que apenas parte acaba sendo usado para complementar a ração animal. Já a cana é totalmente utilizada, pois o bagaço resultante do processo de transformação acaba sendo usado para aquecer as caldeiras. “O álcool para a indústria de perfumaria e usos finos é viável, com retorno garantido, pois a produção é menor e o preço maior”, finalizou.

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